
Ruan Corrêa Arruda da Silva, de 22 anos, foi baleado na cabeça durante uma perseguição policial em Guarujá (SP). PM alegou que o disparo foi acidental, mas passou a ser investigado pela Polícia Civil. Mãe de motociclista morto em Guarujá, SP, diz que filho foi ‘assassinado’
Juliana Corrêa Arruda Felipe, mãe do jovem de 22 anos que morreu após ser baleado na cabeça por um PM durante uma perseguição em Guarujá, no litoral de São Paulo, contrariou a versão do agente sobre o disparo ter sido acidental. Ruan Corrêa Arruda da Silva chegou a ser encaminhado a um hospital na cidade, mas não resistiu. “Foi um tiro para matar”, desabafou a mulher.
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De acordo com o BO, PMs flagraram um grupo de motociclistas fazendo manobras e empinando motos no bairro Pae Cará, na madrugada de quinta-feira (6). Os suspeitos teriam fugido ao perceberem a aproximação, quando um deles entrou na Rua Waldemar Lopes Ferraz.
Segundo o registro, o PM alegou que a pistola disparou “acidentalmente”. A versão, porém, foi contrariada pela mãe do rapaz. A última atualização do BO aponta que a Polícia Civil só teve conhecimento da morte de Ruan horas depois, e o caso passou a ser investigado como homicídio.
“Meu filho era lindo, trabalhador, honesto e nunca fez mal pra ninguém”, disse a cabeleireira. “Ele falava que o único lazer dele era esse. As únicas coisas que meu filho gostava eram futebol, jogar videogame e empinar de moto”.
Ruan Corrêa Arruda da Silva, de 22 anos, morreu após ser baleado na cabeça em Guarujá (SP)
Arquivo pessoal
Juliana publicou um vídeo pedindo justiça. “Meu filho, Ruan Corrêa Arruda da Silva, de 22 anos, foi assassinado por um policial militar na madrugada do dia 6/2 de 2025. Meu filho empinava de moto com os amigos. Não gosto? Não gosto. Arriscado? Arriscado. Mas isso não é crime”, afirmou.
A mulher acrescentou que o responsável pagará pelo ato. “Você vai pagar pelo assassinato do meu filho. Você vai pagar. Você, que apertou o gatilho, que essa bala foi na cabeça do meu filho, você vai pagar pelo assassinato do meu filho. Não foi um tiro acidental, foi um tiro para matar”.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) declarou que as polícias Civil e Militar apuram todas as circunstâncias da morte.
“A PM reforça que não compactua com excessos e desvios de conduta de seus agentes, e pune rigorosamente os que não respeitam as diretrizes da Corporação. Um Inquérito Policial Militar foi instaurado para investigar o caso”, pontuou a pasta.
Ferimento por arma de fogo cerebral
Ruan trabalhava como entregador e em uma empresa que faz monitoramento de pesca
Arquivo pessoal
Ao g1, a cabeleireira disse que Ruan trabalhava em uma empresa de monitoramento de pesca e também como entregador.
“O amigo dele falou que quando a viatura apareceu a moto estava levantada, que ele estava empinando. Aí eles gritaram, só que quando eles gritaram e a moto do Ruan abaixou, a viatura já estava bem atrás do Ruan”, afirmou a mulher.
Ela recebeu a informação sobre a morte do filho pela manhã, após ser contatada por uma assistente social do Hospital Santo Amaro (HSA) e comparecer à unidade de saúde.
Um guia de encaminhamento de cadáver do hospital, obtido pelo g1, aponta que Ruan morreu às 9h51. Ele teve um ferimento por arma de fogo com perda de massa encefálica do lado esquerdo da cabeça. A “causa possível” da morte foi apontada como ferimento por arma de fogo cerebral.
Mãe de Ruan desabafou sobre a perda do filho nas redes sociais
Reprodução/Redes sociais
Segundo Juliana, o capacete do filho é uma prova do tiro proposital. Apesar disso, ainda de acordo com ela, o objeto desapareceu e ainda não foi devolvido à família.
Ela acrescentou que temia pelo hobby do filho de empinar moto por causa dos riscos de acidentes e a chance de ser abordado por policiais. Há cerca de três anos, inclusive, o jovem teria sido abordado por outro agente. “Dessa vez, o policial tirou a vida do meu filho”, lamentou.
De acordo com o artigo 244, inciso III do Código de Trânsito Brasileiro, conduzir motocicleta, motoneta ou ciclomotor fazendo malabarismo ou equilibrando-se em uma roda é considerado infração gravíssima, com sujeição a multa e suspensão do direito de dirigir.
O caso
Ruan tinha 22 anos quando morreu, após perseguição policial em Guarujá (SP)
Arquivo pessoal
Segundo o BO, Ruan se chocou com um carro que estava parado e caiu no chão, sofrendo uma lesão na cabeça. Consta no BO que, ao desembarcar da viatura e ver a gravidade da lesão, a PM teria acionado o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Na ocasião, a motocicleta, que estava com o licenciamento vencido, foi apreendida pela PM e as multas administrativas foram efetuadas.
A primeira edição do BO informou que Ruan foi encaminhado ao Hospital Santo Amaro, onde permaneceu em atendimento. No entanto, durante a noite de quinta-feira, o delegado de polícia atualizou o documento após ter recebido a informação sobre a possibilidade da morte do rapaz, o que não havia sido comunicado à delegacia.
O corpo tinha um ferimento resultado por uma lesão perfurante na região da têmpora esquerda. A partir dessas informações, a natureza do boletim de ocorrência foi alterada para incluir o crime de homicídio.
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