Minas Gerais pode ter dia e semana estadual de celebração do hip hop

Está em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) um projeto de lei (PL) que prevê a criação da semana e do dia estadual do hip hop. A proposta pretende celebrar a forma cultural urbana em 11 de agosto e tem como autora a deputada estadual Andreia de Jesus (PT). O PL foi discutido em audiência pública da Comissão de Cultura da ALMG, no dia 14 de abril.

Segundo a parlamentar, a proposta, caso aprovada, tornará o hip hop um patrimônio importante para o estado e garantirá um espaço crucial na agenda cultural de Minas Gerais. Além disso, o PL prevê a utilização de recursos orçamentários do governo estadual para eventos a serem realizados na semana de celebração ao estilo musical.  

Na audiência, agentes do hip hop manifestaram apoio ao projeto e cobraram mais investimentos públicos para o movimento cultural.

“[O projeto] não pode ser algo privatizado. Queremos investimentos do Estado, como forma de reparação”, enfatizou o artista e gestor cultural Frederico Maciel, durante a reunião. 

Enfrentamento aos preconceitos 

Outro motivo para a criação do dia estadual no hip hop é o enfrentamento aos preconceitos e estigmas que o movimento sofre desde sua criação. Segundo a deputada Andréia de Jesus, assim como o hip hop é hoje, o samba também era, erroneamente, associado à “vadiagem”. No entanto, por meio de lutas populares por investimentos públicos, a modalidade artística começou a ser valorizada. Para ela, o mesmo pode acontecer com o hip hop.

“O samba já foi muito perseguido pelo mesmo motivo, mas conseguiu superar e, agora, é a hora do hip hop fazer o mesmo. Portanto, a importância de ter uma lei, ter uma semana, é para enfrentar esse preconceito e o estigma que todo o movimento de cultura envolvendo o povo negro ainda carrega”, destaca a parlamentar. 

Além disso, os artistas reafirmam que o hip hop tem papel importante na inclusão e na diversidade. 

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::

“Me senti muito acolhido nessa cultura, enquanto homem negro, gay e periférico, trazendo minha liberdade de expressão. As políticas para o hip hop são também voltadas para a inclusão e a diversidade”, comentou o produtor musical MC Azizi, na audiência. 

Hip Hop

O hip hop surgiu nas comunidades afro-americanas das periferias de Nova York, no início da década de 1970. Após alguns anos depois, o movimento chega ao Brasil, inicialmente nas periferias de São Paulo, mas logo se dissemina em outros centros urbanos, como Belo Horizonte. 

Na capital mineira, o movimento cultural tem seu início nos bailes e festas nas periferias da cidade. Nos anos 1990, aumenta ainda mais e se estabelece de fato no município, com a criação de lojas, realização de eventos, surgimento de DJ´s e aumento de apoiadores. Em 1992, surge o primeiro centro cultural na cidade, no bairro Alto Vera Cruz.

Na gestão de Fernando Pimentel (PT) da prefeitura de BH, foi criado o prêmio Canela Fina, uma disputa de DJ´s, MC´s e dança, onde foram disponibilizados R$ 300 mil em prêmios distribuídos em 28 categorias. 
Também no governo de Pimentel, foi criada a Associação Cultural Casa do Hip Hop Taquaril, que chegou a ser premiada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania pelo seu trabalho com crianças e adolescentes no conjunto Taquaril.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.