Pesquisadores capturam filhotes de tubarão para saber se contato com turistas afeta animais em Fernando de Noronha


Estudiosos vão colher material genético e comparar animais que vivem no Parque Nacional Marinho com filhotes encontrados numa região urbana. Pesquisadores marcam os tubarões
Fábio Borges/Instituto Vida no Oceano
Pesquisadores do Projeto Tubarões e Raias de Fernando de Noronha deram início a uma nova etapa de estudo dos tubarões-limão (Negaprion brevirostris). Eles vão capturar, marcar e coletar material genético dos animais em dois pontos da ilha, para verificar as diferenças entre os que vivem no Parque Nacional Marinho e os que estão numa área urbana.
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Os filhotes da espécie são capturados, inicialmente, na Baía do Sueste, que faz parte do parque, para obter informações o início de vida desse animais. Esse é o período de reprodução dos tubarões-limão. O Sueste é um berçário da espécie e é possível ver os filhotes perto da areia da praia.
“Nessa área nós encontramos uma grande concentração de filhotes, que ficam no rasinho. A ideia é entender como os filhotes vivem no primeiro ano de vida. Acreditamos que eles ficam nesses locais até chegada da próxima leva de filhotes”, informou a coordenadora do projeto, Bianca Rangel, que também é pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP).
O estudo também vai ser feito na Porto de Santo Antônio. “Vamos comparar a Baía do Sueste com o Porto de Santo Antônio, uma região urbanizada, uma área mais impactada. O Sueste faz parte do Parque Nacional Marinho, queremos saber se os filhotes da região do parque têm uma saúde melhor que os animais de lugares com mais presença humana”, indicou Bianca Rangel.
A coordenadora do Projeto Tubarões declarou que a pesquisa é de grande importância para entender se o contato das pessoas com os filhotes tem alguma influência negativa.
“Aparentemente, o contato das pessoas não tem afetado os filhotes, mas precisamos comprovar. Fernando de Noronha é o melhor lugar do Brasil para observação de tubarões. Nós queremos oferecer esse pacote de informações para os condutores de visitantes. Queremos ter um repertório para quem trabalha na ilha com dados desses animais”, informou Bianca Rangel.
Filhotes são capturados com um pulsar
Fábio Borges/Instituto Vida no Oceano
Os filhotes são capturados e colocados numa caixa de água. Eles são medidos, pesados e recebem uma marcação na nadadeira dorsal. Os pesquisadores também fazem a coleta de sangue de material genético. O trabalho é feito na maré alta.
A coordenadora disse que o objetivo é estudar os animais no primeiro ano de vida para avaliar o estado de saúde, monitorar os filhotes e saber um pouco mais sobre predação.
“Os tubarões adultos se aproximam das águas rasas para se alimentar dos filhotes. Nós também queremos entender esse comportamento acontece e como os filhotes reagem as pessoas. Apesar ser proibido o banho no Sueste, as pessoas ficam próximas aos tubarõezinhos”, falou a pesquisadora.
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Cuidados
O presidente do Instituto Vida no Oceano, Fábio Borges, que também é coordenador do Projeto Tubarões e Raias, é o responsável pela captura dos filhotes. Ele contou os cuidados para não estressar os animais.
“A captura dá um pouco de trabalho. Nós optamos por não usar linha de pesca ou redes, porque esses materiais estressam os filhotes. Nosso objetivo é fazer a captura com o mínimo impacto o possível. Nós optamos por usar um pulsar para pegar o tubarõezinho bem no raso. Não machuca”, indicou Borges.
Animais são soltos após marcação
Fábio Borges/Instituto Vida no Oceano
Os estudiosos retiram um pequeno pedaço da nadadeira do animal. “Com esse material retirado da nadadeira podemos fazer análise genética. Nós também podemos saber quais nutrientes recebem da mãe e quando passam a se alimentar no ambiente”, informou Bianca Rangel.
Com o sangue, será possível avaliar a imunidade dos filhotes. “Nós vamos analisar o sistema imune, e isso vai nos dizer se o tubarão está bem de saúde”, falou a estudiosa.
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