Estado de SP registra em 2023 o maior número de crimes de feminicídio desde 2018, apontam dados da SSP


Dados apontam que foram 221 casos de feminicídio no estado de SP, pior resultado desde que o crime passou a ser contabilizado separadamente. Vítima agressão, violência
Marcos Serra Lima/g1
O estado de São Paulo registrou o maior número de casos de feminicídio desde 2018, ano que o crime passou a ser contabilizado separadamente no estado, conforme dados divulgados da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Segundo os registros da SSP, foram 221 feminicídios em 2023. Já em 2022, foram 195 assassinatos de mulheres. Em 2021 foram 140 e 2020, 179.
Veja o número de feminicídios em São Paulo nos últimos seis anos:
2018: 136
2019: 184
2020: 179
2021: 140
2022: 195
2023: 221
Casos de feminicídio no estado de São Paulo nos últimos 6 anos
Reprodução/TV Globo
Um dos casos mais recentes de violência contra mulher, mãe e filha de 4 anos foram baleadas dentro de casa na noite de terça-feira (2), em Caieiras, na Grande São Paulo. O suspeito é o ex-namorado, que não aceitou o fim do relacionamento.
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Maria Clara de Oliveira Pereira, de 20 anos, estava na casa da irmã, no bairro Jardim Marcelino, quando o ex-namorado Brendon Cunha dos Santos Azevedo, de 26 anos, entrou no imóvel e disparou diversas vezes contra a mulher e a filha dela, de acordo com registro na polícia. As duas estavam no quarto.
A mulher levou seis tiros e foi internada em estado grave em hospital da cidade. A filha foi baleada de raspão e recebeu alta.
Eduarda Silva foi achada morta no bairro Eldorado, Zona Sul de SP, em 2023
Reprodução/Facebook
Em setembro de 2023, uma jovem de 20 anos foi encontrada morta dentro de uma casa no bairro Eldorado, Zona Sul de São Paulo.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), policiais militares foram acionados para atenderem um caso de violência doméstica. No endereço indicado, eles encontraram Maria Eduarda Silva já sem vida.
Segundo testemunhas, o namorado disse que havia brigado com Maria Eduarda e pediu para a proprietária do imóvel em que viviam ver como a vítima estaria.O caso foi registrado como feminicídio no 98° DP (Jardim Miriam).
A jovem Tallyta Costa, de 24 anos, foi morta com um tiro na cabeça após sair do trabalho em Carapicuíba, na Grande São Paulo, no dia 18 de outubro de 2023. Tallyta já tinha prestado queixa na polícia por violência doméstica contra o ex-namorado, apontado como o principal suspeito.
Tallyta Costa morreu baleada em Carapicuíba
Reprodução/Facebook
No dia do crime, uma equipe da PM foi informada sobre ocorrência de agressão entre homem e mulher na rua Todos os Santos por volta das 15h. No local, os policiais encontraram Tallyta já sem vida.
O carro usado na fuga pelo ex-namorado foi encontrado e apreendido. Dentro no veículo foram encontrados entorpecentes e a arma usada no crime.
No dia 3 de dezembro de 2023, um policial militar de 36 anos foi preso por feminicídio após matar a mulher durante uma discussão na Zona Oeste de São Paulo.
A vítima, Erika Satelis Ferreira de Lima, de 33 anos, chegou a ser levada ao pronto-socorro, mas não resistiu. Uma pistola calibre .40 foi apreendida.
Erika Satelis Ferreira de Lima era casada com soldado da PM Thiago Cezar de Lima. Homem agrediu e matou esposa a tiros após discussão
Reprodução/Arquivo pessoal/Redes sociais
Um vídeo mostra o momento em que um policial militar de folga dá cinco socos no rosto da esposa e depois saca a arma e atira três vezes nela após discutirem em um carro, na Zona Norte de São Paulo.
Erika conhecia Thiago havia dois anos e estava casada há seis meses com ele. A representante comercial tinha 33 anos e duas filhas, que eram de um casamento anterior.
O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), na Zona Norte. Thiago foiindiciado por feminicídio, o homicídio que envolve “violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher”.
PM atira e mata esposa em SP
4 mulheres morrem por dia vítimas desse tipo de crime no Brasil
O Jornal Nacional destacou no dia 5 de janeiro deste ano que no Brasil, 2023 foi um ano importante no combate à violência contra a mulher. Houve uma redução pequena nos feminicídios, mas o número ainda é assustador: quatro mulheres morrem por dia vítimas deste tipo de crime.
De janeiro a outubro de 2023 foram 1.158 feminicídios, queda de quase 2,5% na comparação com o mesmo período de 2022. O que significa que, em média, quatro mulheres ainda morrem diariamente no país vítimas de feminicídio, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Feminicídio: 4 mulheres morrem por dia vítimas desse tipo de crime no Brasil
Em 2023, a Central de Atendimento à Mulher, do governo federal, recebeu quase 75 mil denúncias de violência pelo 180.
As políticas de combate à violência contra a mulher avançaram desde que a Lei Maria da Penha foi criada, segundo especialistas em segurança pública.
As vítimas têm proteção garantida por lei, e as redes de acolhimento ganharam mais estrutura com atendimento psicológico e social para que as vítimas saiam da situação de violência. Mas ainda existe um grande desafio: fazer com que mais mulheres procurem ajuda antes que o pior aconteça.
“A maior parte das vítimas de feminicídio sequer tinha um boletim de ocorrência contra o autor. Essas mulheres, muitas vezes, subestimam o risco a que estão expostas. Nós temos as medidas protetivas de urgência, que são o instrumento mais importante efetivo de proteção dessa mulher em situação de violência doméstica”, afirmou Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ao Jornal Nacional.
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