Pressão dupla: inflação teimosa e crise global aumentam os desafios para o Brasil

O cenário econômico do Brasil para os próximos meses é de travessia cuidadosa. O país se vê pressionado por uma inflação resistente e pelos sinais crescentes de deterioração da economia global, que promete mexer com o fluxo de capitais, preços das commodities e a política monetária.

Inflação alimentada por choques de oferta e demanda

Apesar de o índice geral da inflação ter vindo dentro das expectativas, o núcleo — que exclui os itens mais voláteis — segue pressionado. Os aumentos de preços de alimentos como tomate, ovo e café são reflexos de problemas de oferta e demanda, além das condições meteorológicas que vêm afetando a produção agrícola. Para o economista Alex André, esses fatores não só elevam o custo de vida como também complicam as decisões do Banco Central. “É um grande desafio manter a expectativa de inflação controlada com esses componentes pressionando“, analisa.

Inflação pressiona BC: juros mais altos por mais tempo

Com a inflação persistente, a autoridade monetária brasileira não deve ter margem para reduzir a Selic tão cedo. O cenário demanda cautela extrema, mesmo com sinais de arrefecimento da atividade econômica. “A expectativa é que os juros continuem em níveis elevados para manter a âncora das expectativas inflacionárias“, aponta Alex André.

Sinais globais reforçam o alerta para emergentes

Nos Estados Unidos, a deterioração das projeções econômicas fortalece a cautela global. A bolsa de Chicago já precifica até cinco cortes de juros do Fed para este ano, número superior às previsões iniciais de três cortes. Isso evidencia o risco crescente de recessão na maior economia do mundo, uma preocupação que ecoa em mercados emergentes como o Brasil.

“Com a globalização, as economias emergentes se tornam altamente sensíveis aos movimentos das grandes potências”, explica Alex André. As incertezas sobre as tarifas e as perspectivas recessivas nos EUA contribuem para aumentar a volatilidade no mercado brasileiro.

Travessia delicada exige vigilância e estratégia

Para o Brasil, a travessia será exigente. A combinação de pressões internas e riscos externos exigirá das autoridades econômicas uma resposta coordenada e ágil. O desafio será equilibrar a necessidade de controlar a inflação sem sufocar ainda mais a atividade econômica, já impactada pela desaceleração global. “É um mix difícil de administrar, e o Brasil precisará de muita cautela para não ser arrastado pela maré global“, conclui Alex André.

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