
O aumento das tarifas anunciadas pelo governo de Donald Trump pode representar um ponto de inflexão para o Brasil no cenário internacional. Essa é a avaliação de Tómas Awad, sócio e CIO da 3R Investimentos, em entrevista à BM&C News. Para o gestor, apesar dos riscos globais, o movimento dos Estados Unidos em direção ao protecionismo abre espaço para que o Brasil deixe de ser visto como um destino tóxico por investidores estrangeiros.
“O Brasil estava se tornando uma geografia tóxica. Ninguém queria ouvir falar do país. Mas, com as decisões irracionais de Trump, o Brasil parece menos pior”, avaliou Awad. Segundo ele, ao se distanciar de centros tradicionais e adotar medidas abruptas, os EUA criam uma zona de instabilidade que torna o Brasil, ainda que com seus problemas, relativamente mais atrativo para o capital global.
Economia americana e os impactos no Brasil
Awad também destacou que a possível recessão nos EUA e o aumento do déficit podem levar à queda das taxas de juros internacionais, o que favoreceria países emergentes como o Brasil. “O Brasil é um importador de capital. Se o custo do dinheiro cair, isso ajuda a financiar crescimento aqui”, afirmou.
No entanto, ele pondera que o risco de uma crise de crédito no exterior ainda é uma ameaça, o que pode impedir que o alívio nas taxas ocorra no curto prazo.
Eleição e cenário interno brasileiro
Apesar da melhora relativa na percepção internacional, Awad faz uma ressalva em relação ao cenário político doméstico. Ele aponta que o governo atual ainda enfrenta dificuldades de comunicação com a nova geração de eleitores, especialmente diante da maior penetração das redes sociais. “Em países com maior uso de redes sociais, a chance de reeleição dos governantes diminui. O contraditório circula mais rápido”, explicou.
Mesmo com o alívio inflacionário que pode advir da desinflação global, o CIO da 3R vê com cautela os efeitos eleitorais. Para ele, a agenda econômica do governo ainda não apresenta soluções efetivas para os desafios fiscais e de crescimento do país.
Expectativa positiva, mas com ressalvas
A leitura final de Awad é de que o “tarifaço” pode ser marginalmente positivo para o Brasil. “No médio e longo prazo, o efeito é favorável para os ativos brasileiros, desde que o país saiba aproveitar o novo tabuleiro geopolítico com responsabilidade fiscal e clareza estratégica”, concluiu.
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