Anistia caminha seu caminho

Ex-presidente protestou em Copacabana e defendeu os condenados pelos atos antidemocráticosReprodução/X

O novo “cabo-de-guerra” instalado na vida política do país se chama “PL da Anistia”. O objeto do projeto em foco seria, de modo principal, os manifestantes do 8 de janeiro de 2023, mas, claro, uma vez aprovado uma lei dessa natureza, parece evidente seus efeitos em cascata sobre eventuais outros envolvidos, como Kids Pretos, Braga Netto e o próprio Jair Bolsonaro.

É uma ideia com todos os elementos de um conflito institucional em larga escala. Atrita de modo claro com o STF, pois gera um efeito de cassação ou revogação das condenações ali já confeccionadas em relação aos mesmos manifestantes citados.

Atrita também com o Executivo e ainda mais com o PT e as esquerdas, pois lhes retira um enorme argumento para governar e para 2026: a defesa da institucionalidade perante os golpistas. E atrita internamente o Legislativo, inclusive opondo Câmara e Senado.

Um dado bastante sintomático é o da presença de vários parlamentares com suas assinaturas na requisição de tramitação de urgência do PL da Anistia, muitos deles da base do governo.

O pedido de urgência teria reunido algo como 263 assinaturas. Destas, mais de 140 seriam de deputados de algum modo beneficiados com cargos ou posições no governo. A “taxa de traição”, no caso, seria das mais altas.

O que o governo, porém, pode fazer em relação a isso? Muito pouco, quase nada. O parlamento, de modo destacado a Câmara, é hoje um bastião da direita e o governo Lula precisa de cada voto, de cada deputado, para poder governar.

Por mais que a traição antes apontada seja problemática, o governo não tem condições de retaliar e punir esses parlamentares de algum modo. Terá que administrar, “levar no banho-maria”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG

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