O militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Gideone Sinfrônio de Menezes Filho, de 67 anos, passou por duas cirurgias – uma no abdômen e outra na bacia – nesta terça-feira (15), no Hospital da Reparação, em Recife (PE). Ele foi atropelado na manhã desta terça durante uma marcha do movimento.
O ato integra a Jornada de Lutas pela Reforma Agrária, mobilização nacional do MST conhecida como Abril Vermelho. O motorista não prestou socorro e fugiu pela contramão. Fotos registraram a placa do carro.
Sinfrônio aguarda ainda a avaliação de um neurocirurgião sobre o traumatismo craniano que sofreu. Ele está sendo acompanhado por familiares no hospital. As informações são da assessoria da deputada estadual Rosa Amorim (PT-PE).
Em nota, o MST repudiou as “violências sofridas pelos militantes”. O movimento informou que está “tomando as medidas cabíveis para que o responsável seja identificado”. O comunicado ressalta que a marcha contava com autorização concedida pela Autarquia de Trânsito e Transporte (CTTU) e pela Polícia Militar estadual, e “seguia respeitando as sinalizações das autoridades locais”.
Em participação no programa Conexão BdF 2ª edição, da Rádio Brasil de Fato, Rosa Amorim disse que Sinfrônio é um trabalhador acampado em Goiana, na zona da Mata Norte de Pernambuco. Ele foi funcionário da Usina Maravilha, na mesma cidade, que teve as terras ocupadas pelo MST no passado.
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), se manifestou sobre o assunto em uma entrevista coletiva. Ela afirmou que o caso está sendo investigado pela Polícia Civil para que o agressor seja identificado.
Negociações
No início da tarde, dirigentes do MST se reuniram com o presidente nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), César Fernando Schiavon Aldrighi, na superintendência do órgão no Recife. Após o encontro, o movimento conseguiu que o Incra assumisse o compromisso de priorizar a desapropriação das terras de duas usinas na Mata Norte (Santa Tereza e Maravilha), a liberação de verbas para vistorias e obtenção de terras e priorização da criação de assentamento nas terras da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Petrolina, ocupadas em 2023 pelo MST.
Além disso, o movimento conseguiu o compromisso do Incra para liberação de mais créditos para assentados e agilidade na regularização dos Registros de Beneficiários (RB).
No final da tarde, o MST se reuniu com a governadora do estado, Raquel Lyra, e cobrou, entre outras pautas, investimento na agroindústria, na construção de escolas de ensino médio nos assentamentos, implantação de farmácias vivas nos assentamentos e a efetivação do Programa Estadual de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar.