Tribunal do Peru condena ex-presidente Humala a 15 anos de prisão por corrupção que envolve Odebrecht

Um tribunal peruano condenou, nesta terça-feira (15), o ex-presidente Ollanta Humala e sua esposa a 15 anos de prisão por corrupção ligada a um escândalo de corrupção global envolvendo o grupo de construção brasileiro Odebrecht.

O tribunal considerou o ex-presidente de 62 anos e sua esposa, Nadine Heredia, culpados de lavagem de dinheiro por receberem contribuições ilegais da Odebrecht em duas campanhas presidenciais. Humala foi levado sob custódia da sala de audiências após a decisão, e o juiz Nayko Coronado ordenou a prisão de Heredia, que não compareceu à audiência de sentença.

Os promotores haviam solicitado uma pena de 20 anos de prisão para Humala e 26 anos para Heredia por aceitar US$ 3 milhões (aproximadamente R$ 5,6 milhões, em valores da época) em contribuições ilegais da Odebrecht para sua campanha de 2011.

A dupla também foi acusada de desviar ilegalmente cerca de US$ 200 mil enviados pelo então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para a fracassada campanha de Humala em 2006, e Heredia de “ocultar compras de imóveis” feitas com parte do dinheiro.

Ex-oficial do exército que comandou o país de 2011 a 2016, Humala tornou-se, em 2022, o primeiro ex-presidente peruano a ser julgado no escândalo de corrupção da Odebrecht, que também envolveu três outros ex-presidentes. Eles negaram consistentemente todas as acusações, e a equipe jurídica de Humala disse que ele vai apelar da sentença. A empresa admitiu ter pago pelo menos US$ 29 milhões em subornos a autoridades peruanas entre 2005 e 2014.

Presidente por dois mandatos (1985-90 e 2006-10) Alan Garcia cometeu suicídio em 2019 quando a polícia foi à sua casa para prendê-lo, enquanto Alejandro Toledo (no poder de 2001 a 2006) foi condenado no ano passado a mais de 20 anos de prisão por aceitar subornos multimilionários em troca de contratos governamentais. As investigações continuam sobre o quarto ex-presidente implicado, Pedro Pablo Kuczynski (no cargo de 2016 a 2018).

O esquerdista Humala chegou à presidência em 2011 após derrotar a candidata de direita Keiko Fujimori em uma eleição de segundo turno. A própria Fujimori passou 16 meses em prisão preventiva em um caso ligado à Odebrecht.

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