A economia do Brasil segue em compasso de alerta. De um lado, a inflação doméstica continua acima do desejado, puxada principalmente por alimentos e bebidas. De outro, o cenário internacional deteriorado, com risco de recessão global e aumento da aversão ao risco, mantém os mercados pressionados e a política monetária sob tensão.
Alimentos mantêm núcleo da inflação pressionado
Os dados mais recentes do IPCA confirmaram que, embora a inflação tenha vindo dentro das expectativas gerais, o núcleo da inflação permanece elevado. Produtos como tomate, ovo e café estão entre os vilões deste movimento, apresentando aumentos expressivos de preço. O impacto destes alimentos, segundo o economista Alex André, decorre não apenas da demanda firme, mas também de fatores climáticos e de oferta reduzida. “Esses itens pressionam o núcleo de inflação, o que dificulta a tarefa do Banco Central de ancorar as expectativas“, afirma.
Selic deve ficar elevada por mais tempo
A continuidade da pressão inflacionária desafia o Banco Central a manter a taxa de juros em níveis altos por mais tempo que o previsto. A perspectiva é que o ciclo de flexibilização monetária fique mais distante, enquanto o cenário não apresentar sinais mais claros de controle dos preços. “Com uma inflação ainda resistente, a tendência é de manutenção dos juros em patamar elevado para tentar conter a escalada dos preços“, explica Alex André.
Riscos globais adicionam combustível à cautela
Além das questões internas, o cenário externo adiciona volatilidade. As discussões sobre tarifas promovidas pelos Estados Unidos, somadas ao risco crescente de recessão global, impactam diretamente as projeções para a economia brasileira. A ferramenta FedWatch da CME já precifica até cinco cortes de juros nos EUA neste ano — um número que antes era de três —, reforçando os sinais de desaceleração.
“O risco de recessão global é real, e economias emergentes como o Brasil são especialmente sensíveis a esses choques“, alerta Alex André. Com isso, o país enfrenta um desafio duplo: combater a inflação local enquanto administra os impactos de um ambiente externo adverso.
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