Descarte irregular de lixo cresce 46% nas estradas da região de Piracicaba; entenda impactos


Volume de lixo descartado irregularmente em, pelo menos, cinco rodovias da região de Piracicaba (SP) soma 408,9 toneladas de resíduos em 2023. Equipe recolhe lixo na rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101)
Divulgação/Rodovias do Tietê
O volume de lixo descartado irregularmente em, pelo menos, cinco rodovias da região de Piracicaba (SP) soma 408,9 toneladas de resíduos em 2023. A marca é 46% maior na comparação com o total recolhido nos trechos no ano de 2022, quando foram retiradas 279, 6 toneladas de lixo das estradas, segundo levantamento feito pelo g1 a partir das informações fornecidas pelas concessionárias responsáveis pela administração das vias.
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Em uma das vias, administradas para Eixo SP, a alta chega a 60%.
O que prevê o Código de Trânsito Brasileiro? 📝
Além de ser considerada infração média, prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), arremessar lixo em uma estrada prevê uma multa de R$ 130,16 e quatro pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e representa riscos a motoristas e pedestres.
“Infelizmente, ainda existe esse hábito por parte de alguns motoristas. Além de ser um ato que denota uma falta de educação, há a exposição do risco que essa atitude causa”, analisa o gerente de Operação da Rodovias do Tietê, Carlos Gomes.
Margens da Rodovia Luiz de Queiroz em Piracicaba tem descarte irregular de pneus, papelão e demais resíduos
Edijan Del Santo/EPTV
Eixo SP
De acordo com a concessionária Eixo SP, neste ano foram recolhidas 181 toneladas de lixo nos trechos administrados pela empresa nas Rodovias Irineu Penteado (SP-191), que liga as cidades de Charqueada (SP) e São Pedro (SP), na Geraldo de Barros (SP-304) e na Hermínio Petrin (SP-308), na região de Piracicaba.
Na mesma extensão, no ano de 2022, foram recolhidas 112 toneladas, conforme aponta a concessionária Eixo. Um aumento expressivo de até 61% no período.
AB Colinas
A AB Colinas, concessionária do Programa de Concessões Rodoviárias do Estado de São Paulo, informa que durante o ano de 2023, retirou 191,9 toneladas de resíduos que foram descartados ao longo da Rodovia Rodovia Cornélio Pires (SP-127), que atende a região de Piracicaba. Em 2022, foram recolhidas 138,7 toneladas de materiais, que representa um acréscimo de 38,3%.
Que tipos de materiais descartados são mais comuns? 🍾⛓️🧻
“Os materiais mais encontrados são os de origem plástica, como garrafas PET, papel, papelão e metais, principalmente latas de alumínio, invariavelmente descartadas por usuários”, aponta a concessionária que cuida do trecho.
Rodovias do Tietê
Entre as estradas Mário Dedini, conhecida como Rodovia do Açúcar (SP-308), entre Salto (SP) e Piracicaba, e a Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101), que é rota para acessos a Capivari (SP), Rafard (SP) e Elias Fausto (SP), foram recolhidas ao todo cerca de 36 mil toneladas de materiais descartados nos trechos administrados pela concessionária Rodovias do Tietê.
Na Jornalista Francisco Aguirre Proença foram coletadas 23,5 toneladas em 2023, o valor representa aumento de 20,6% na comparação com o ano anterior. A via conta com grande trecho de tráfego urbano, principalmente na região de Campinas. Em 2022, foram recolhidas 19,47 toneladas de lixo.
Por fim, a Rodovia do Açúcar (SP- 308) contou com 12,5 toneladas recolhidas. Em 2022, o volume retirado foi de 8,91 toneladas, segundo a empresa licenciada.
Volume total de lixo descartado nas rodovias de região de Piracicaba entre 2022 e 2023
Quais são os riscos para motoristas e pedestres? ⚠️
Diariamente, oito equipes compostas por cinco a oito pessoas, percorrem as vias sob responsabilidade da concessionária recolhendo objetos atirados nas pistas por motoristas e pedestres. Entre os principais itens, estão papelão, garrafas de plástico e bitucas de cigarro.
“Vale destacar que o arremesso de lixo na rodovia traz perigo a todos os motoristas. Restos de alimento podem atrair animais para perto da pista e causar acidentes. Bitucas de cigarro tem o potencial de causar incêndios, principalmente durante o período de estiagem, quando o mato fica seco”, reitera a concessionária.
Pneus descartados às margens da Rodovia Luiz de Queiroz (SP-304)
Edijan Del Santo/EPTV
Descarte irregular
A professora do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) e responsável pela área de gestão de resíduos sólidos, Adriana Maria Nolasco explica quais são os riscos e impactos provocados pelo descarte irregular de materiais às margens de rodovias.
Segundo a especialista, a ação gera danos e riscos a quem descarta os resíduos, que se coloca em situação insegura e pode provocar acidentes ao atrair animais silvestres, aos motoristas e àqueles que convivem no entorno.
A pessoa que for flagrada nesta infração, pode responder a, pelo menos, duas instâncias legais: ao Código Brasileiro de Trânsito e à Legislação Brasileira para Resíduos Sólidos. Além disso, poderá também responder por violação de legislação municipal.
A especialista também alerta para os perigos em relação à queima dos materiais descartados a céu aberto.
“Fumaça pode atingir a estrada, afetar a visibilidade dos motoristas e pedestres e causar um acidente”, alertou.
Flagrante em vicinal
Descarte irregular de lixo em estrada preocupa moradores de Rio das Pedras
Em novembro de 2023, moradores e motoristas que fazem o trajeto que liga Rio das Pedras (SP) e Piracicaba (SP) tiveram problemas com o acúmulo de lixo em um trecho da estrada vicinal paralela à Rodovia Valério Pedro da Silveira Martins.
Os moradores dos bairros próximos ao local utilizam a estrada de terra para chegar à Rodovia Cornélio Pires, que dá acesso à cidade de Piracicaba, por ser a rota mais rápida.
A equipe da EPTV, filiada da TV Globo, esteve no local e registrou a situação. Nas imagens, havia lixo espalhado, incluindo entulhos, pedaços de madeira, resíduos domésticos e até mesmo um vaso sanitário e restos de móveis.
Estrada vicinal que liga Rio das Pedras e Limeira tem acúmulo de lixo e entulho
Edijan Del Santo/EPTV
Área de campo de futebol
A área coberta por lixo correspondia a 100 metros, equivalendo a um campo de futebol cheio de resíduos. Os moradores, na época, diziam haver necessidade de um aterro apropriado para o descarte que seja longe da cidade.
Além da sujeira no trecho, os itens descartados também eram levados para o meio do canavial por meio da chuva e do vento, atingindo o córrego que fica logo abaixo.
Os moradores que passavam pela estrada demonstraram descontentamento com a situação e com quem contribui para a sujeita continuar. A missionária Adriana Barbosa, por exemplo, passa pelo trecho todos os dias para tarefas do a dia-a-dia e reclama do lixo.
“É inacreditável passar e ver as pessoas parando o carro e descarregando lixo”, reclama.
Adriana também comenta sobre a falta de consciência de quem despeja resíduos de maneira inadequada no local. “Já limparam aqui mas infelizmente as pessoas não têm consciência do que é uma limpeza”, completa.
O local já passou por limpeza mas voltou a ter acúmulo de resíduos
Edijan Del Santo/EPTV
Caminhando pelo trecho, a equipe de filmagem encontrou outro local próximo que também sofre com o mesmo problema, com sofás, isopor, colchão e restos de materiais de construção despejados, mesmo a estrada sendo movimentada e com constante travessia de veículos.
No final da estrada está o bairro de casas da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), e as caçambas de lixo da região estão transbordando de lixo e quebradas, causando mais problemas para os moradores.
Lixeiras do bairro ao final da estrada também sofrem com situação precária e acúmulo de lixo
Reprodução/EPTV
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