Vereador acusado de agredir e puxar pescoço de mulher em bar é afastado do cargo em Roraima


Dos 11 vereadores do município, sete votaram a favor do afastamento de Valdemar Neto (PSD) por quebra de decoro parlamentar. Agressões ocorreram na última sexta-feira e o vereador afastado não foi preso. Valdemar Ferreira Lima Neto está no terceiro mandado como vereador de Caracaraí
Reprodução/Instagram
O vereador de Caracaraí, Valdemar Ferreira Lima Neto (PSD), conhecido como “Pé no Chão”, de 51 anos, foi afastado do cargo por 90 dias nessa segunda-feira (1º). O afastamento ocorre após ele ter sido acusado por uma mulher, de 27 anos, de tê-la agredido com socos e puxado o pescoço dela em um bar do município.
Dos 11 vereadores do município, sete votaram a favor do afastamento de Valdemar por quebra de decoro parlamentar (veja lista mais abaixo). Os parlamentares que votaram foram foram os mesmos que protocolaram o pedido de afastamento na Câmara Municipal. Valdemar não foi preso.
A sessão em que foi votado o afastamento foi presidida pelo 2º secretário da mesa diretora, o vereador Santos Júnior (PDT). Isto porque, segundo ele, o presidente da Casa Jailson Fernandes (MDB) e primeiro secretário Irapuã Albertino (Patriotas) se ausentaram da votação. O g1 tenta contato com os citados.
“Pelo Regimento Interno, quem assume todas as atribuições do primeiro Secretário é o segundo secretário. Então, eu assumi os trabalhos para colocar em votação e a câmara estava lotada. Os vereadores permaneceram na Câmara e nós continuamos o trabalho, abrimos a discussão”, justificou Santos Júnior.
A sessão chegou a ser paralisada pelo presidente, pois ele se recusou a incluir o pedido de afastamento na pauta, segundo Júnior. Depois, Jailson chegou a pedir para que a sonoplastia fosse desligada.
Moradores levaram cartazes para a sessão
Alcir Arruda/Arquivo pessoal
O documento que pede o afastamento cita que não é a primeira vez que o vereador agrediu a vítima, segundo o relato dela à Polícia Civil. Foi solicitada medida protetiva e a Justiça concedeu. Ela tinha um relacionamento amoroso com Valdemar.
Além disso, o pedido menciona que ele “se vangloria do cargo de vereador para certeza da impunidade”. Na ocasião em que a mulher foi atendida pela Polícia Civil, ela disse que foi agredida outras vezes pelo vereador, mas nunca havia denunciado porque o suspeito a ameaçava dizendo que não daria em nada, pois ele “iria botar o terno e acionar os advogados, pois ela não era ninguém”.
“O cargo de vereador nunca foi e nunca será um subterfúgio para cometer nenhum tipo de crimes, nem tampouco agressão contra mulheres, e, o mais grave, sendo público que esse mesmo vereador já cometeu fatos idênticos no passado”, cita o documento. Em 2015, ele também agrediu uma mulher e chegou a ser preso.
Votaram a favor os vereadores Santos Júnior, Prof. Kelly (Republicanos), Ismael Belô (Avante), Samuel da Farmácia (PP), Victor da Vip Celular (Solidariedade), Francisco Teixeira e Junior Paraiba (MDB). Na mesma sessão, o suplente Raildo Araújo (PSD) assumiu o cargo.
Agressões em bar
A mulher foi agredida na última sexta-feira (22) e parte das agressões foi registrada em vídeo por uma testemunha que estava no bar. As imagens flagraram quando o vereador puxou a vítima pelo pescoço e tentou arrastá-la da cadeira, enquanto as pessoas falam: “meu Deus, de novo?” e “para Valdemar, deixa ela”.
Em um momento os dois caíram no chão, o vereador forçou a cabeça da vítima e puxou os cabelos dela. A agressão só cessou quando um homem chegou e o segurou pelas costas. No vídeo, a vítima disse aos prantos que “ele tá me batendo faz horas”. O vereador foi colocado em uma caminhonete e deixou o local.
Testemunha filmou parte das agressões do vereador contra vítima, de 27 anos
Reprodução
Em depoimento à Polícia Civil, a vítima dessa sexta-feira disse que naquela noite ela e o vereador estavam no bar quando ele teve uma crise de ciúmes e a agrediu com socos na boca e no corpo. Ela correu, ele entrou no bar e foi embora. Minutos depois ele retornou ordenando que ela fosse embora e voltou a agredi-la, momento em que uma testemunha começou a filmar.
Na delegacia, a delegada de plantão encaminhou a vítima para fazer exame de corpo de delito e foi comprovado que ela estava com ferimentos na região maxilar, pescoço e joelho.
Agora, o vereador está proibido de se aproximar da vítima, seus familiares e testemunhas das agressões. Valdemar Ferreira está no terceiro mandato como vereador.
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