Dono de loja saqueada na Cracolândia relata prejuízo de R$ 300 mil e diz que vai fechar e demitir 10 pessoas: ‘roubaram tudo. não ficou um parafuso’


José Carlos de Souza afirmou que foi parar no hospital quando soube do saque da loja na rua Santa Ifigênia, no último sábado (27). Ele de diz revoltado com a falta de ação do Poder Público na região: “Estamos a mercê da nossa sorte. Não fazem segurança que deveriam fazer”. Loja saqueada por usuários de drogas no último sábado (27) na região da Cracolândia, Centro de SP.
Abraão Cruz/Lucas Jozino/TV Globo
Dono da loja de eletrônicos que foi saqueada na manhã do último sábado (27), na região da Cracolândia, Centro de São Paulo, o comerciante José Carlos de Souza disse que não vai mais continuar com o negócio.
Revoltado com o que chama de “falta da ação do Poder Público” na região central para deter o avanço e violência dos usuários de drogas, Souza afirmou ao SP1, da TV Globo, que teve prejuízo de mais de R$300 mil com a ação dos dependentes químicos e não tem mais condições de continuar com o negócio.
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Prateleiras vazias em loja saqueada por usuários de drogas no último sábado (27) na região da Cracolândia, Centro de SP.
Abraão Cruz e Lucas Jozino/TV Globo
“A loja está sendo encerrada. A porta está fechada e não temos mais condições financeiras pra continuar. Me levaram mais de R$ 300 mil da loja. A gente já vem sofrendo, há vários anos, não é de agora… E o Poder Público promete e nada acontece. Estamos a mercê da nossa sorte”, declarou.
José Carlos de Souza abriu a loja saqueada à reportagem da TV Globo e o que se viu lá dentro, foram cenas de devastação.
Muito produto quebrado no chão, prateleiras vazias e jogadas no chão e muita bagunça. Quase 100% dos produtos foram roubados, segundo o comerciante.
Loja é invadida e saqueada por grupo no Centro de SP
“Acabei de vir do hospital porque, imagina uma situação dessa. Já estávamos numa situação financeira complicada. Fechamos três lojas, agora mais uma. Acabei de vir do hospital porque a pressão alterou. Cheguei gora. E talvez nossa maior revolta é com o Poder Público, que sabe o que está acontecendo, que é uma zona tomada pelos bandidos, mas não faz uma segurança, não faz o que deveria fazer”, declarou.
“Fizeram isso em 5 minutos. [A polícia] Demorou uma hora ou mais [pra chegar]. E não tem uma viatura… Tivemos o caso de um vizinho que viu acontecer, chamou a guarda, a GCM. E disseram que é caso da PM, pra ligar pro 190. E nos deixaram sendo roubados, sendo saqueados. Levaram tudo da loja, não ficou um parafuso”, completou.
O comerciante José Carlos de Souza, que com 25 anos de Santa Ifigênia, narra que vai fechar a loja.
Reprodução/TV Globo
Reação das autoridades
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse neste domingo (28) que vai colocar mais 500 guardas civis metropolitanos (GCMs) nas ruas do Centro da capital, após mais um episódio de saque à loja de eletrônicos na região conhecida como Cracolândia.
Segundo o prefeito de SP, a escalada da violência na região central preocupa as autoridades da cidade que, segundo ele, têm “trabalhado todos os dias para vencer esse problema gravíssimo”.
[É uma situação que] preocupa. Por isso que a gente ampliou bastante o número de GCM, eu ampliei a operação delegada, nós estamos da fazendo a instalação das câmeras, o Smart Sampa é um investimento de R$ 9 milhões e 600 mil por mês, com altíssima tecnologia. A gente tá fazendo a implementação do sistema. Nos próximos dias nós colocamos 500 GCMs na rua, mais 230 veículos normais, mas 280 veículos da Guarda Civil Metropolitana”, disse Ricardo Nunes.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), durante evento neste domingo (28), no Centro de SP.
Reprodução/TV Globo
“Todo esforço junto com o governo do estado, pra gente poder minimizar essa questão de segurança. A situação era bem pior, lá em 2015, 2016, depois do bolsa crack, foi para 4 mil usuários. Hoje tem entorno de mil e poucos, e a gente tem aberto pra vocês de forma transparente a contagem de todos os dias”, declarou.
O prefeito afirmou que está trabalhando com o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para diminuir a criminalidade na região e oferecer ajuda aos dependentes químicos da Cracolândia.
“A gente continua isso, ofertando tratamento para os dependentes, prendendo traficantes, reurbanizando, sem parar um dia. Todos os dias trabalhando pra vencer esse problema gravíssimo”, afirmou.
Ricardo Nunes (MDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) participam de celebração pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, na Congregação Israelita Paulista (CIP).
Reprodução/TV Globo
Nunes participou neste domingo (28), ao lado de Tarcísio, de uma celebração pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, na Congregação Israelita Paulista (CIP).
O ato lembrou os seis milhões de judeus assassinados durante o Holocausto da II Guerra Mundial, e as outras vítimas do nazismo, com o acendimento de seis velas por sobreviventes.
Mais um saque
Loja invadida no Centro de SP
Reprodução
A nova loja invadida na Cracolândia fica na Rua Santa Ifigênia, conhecida área da cidade para venda e reparo de produtos eletrônicos. O estabelecimento trabalha com venda de câmeras de segurança e saqueado na manhã de sábado (27).
O sistema de segurança do estabelecimento registrou o crime e a grande quantidade de pessoas.
No registro, centenas de pessoas caminhavam pela área. Toda a ação para levar a maioria dos produtos do comércio durou cerca de cinco minutos.
O vídeo mostra a movimentação de dependentes químicos em frente ao local. O grupo conseguiu forçar a porta do estabelecimento e levou diversos equipamentos.
Loja de eletrônicos é saqueada por grupo no Centro de SP
Algumas das pessoas perceberam o crime e correram, enquanto outras aproveitaram e invadiram a loja.
O patrulhamento da GCM conseguiu localizar três homens na Rua Vitória, região da Cracolândia, carregando objetos eletroeletrônicos, incluindo câmeras, na manhã deste domingo. Eles foram levados ao 2°DP, onde o caso foi registrado.
Um deles era procurado por tráfico na Bahia e ficará preso. Os outros dois serão ouvidos pela polícia.
O dono da loja esteve na delegacia e, segundo a Guarda Civil Metropolitana, reconheceu parte dos objetos com os três homens.
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