Com presença em mais de 160 países e uma trajetória que remonta a 1926, a STIHL é hoje uma das líderes mundiais em ferramentas motorizadas portáteis. No Brasil, a operação tem ganhado cada vez mais importância. Em 2024, o faturamento da subsidiária brasileira atingiu R$ 3,18 bilhões, representando cerca de 10% da receita global do grupo, que somou € 5,13 bilhões no período. “Isso mostra o quanto o Brasil tem crescido dentro da estratégia global da STIHL”, destacou Rafael Zanoni, diretor de Marketing e E-commerce da empresa, durante entrevista coletiva.
O desempenho é sustentado por uma estrutura industrial robusta em São Leopoldo (RS), que além de abastecer o mercado nacional, exporta para mais de 70 países e é a única planta do grupo a produzir cilindros para motores a combustão. A fábrica é considerada uma das mais completas em processos industriais e possui papel estratégico na cadeia de suprimentos da companhia.
Zanoni explicou que, embora a STIHL seja tradicionalmente associada ao setor florestal, a companhia tem ampliado sua atuação para outras frentes como jardinagem urbana, agricultura familiar e construção civil. “Nosso portfólio está cada vez mais diversificado, e temos apostado fortemente em digitalização e proximidade com o cliente”, afirmou. Ele também ressaltou que o investimento contínuo, mesmo em momentos desafiadores, tem sido uma das chaves para o crescimento sustentado no país.
Estrutura de TI
A estratégia de tecnologia da informação da STIHL é global, mas com raízes fortes no Brasil. A empresa opera com um modelo descentralizado que distribui suas operações em três centros regionais: Europa, Filipinas e Brasil. Essa estrutura é baseada no conceito de Follow the Sun, no qual o suporte de TI acompanha o fuso horário mundial. “Quando um centro encerra o seu expediente, o outro assume. Se um chamado for aberto e não puder ser resolvido naquele momento, ele é repassado automaticamente para o próximo centro, e assim conseguimos manter o suporte funcionando 24 horas por dia, todos os dias”, explicou Ricardo Nizoli, diretor de TI da STIHL Ferramentas.
O centro regional brasileiro está localizado em São Leopoldo (RS) e atende não só o Brasil, mas também os demais países da América Latina. Parte da equipe cuida exclusivamente das demandas da operação local, enquanto outra parte é dedicada ao suporte regional, dentro da lógica global. Segundo Nizoli, há reuniões semanais com os demais centros para definir e alinhar as atividades estratégicas, que seguem uma governança conjunta. A proposta é que todas as unidades estejam conectadas às diretrizes globais, mas com autonomia para ajustar projetos às particularidades de cada região.
Além disso, a TI da STIHL não atua apenas como área de suporte. A equipe é parte estratégica da companhia e participa ativamente das iniciativas de transformação digital e inovação. Projetos de análise de dados, automação e melhorias em processos de negócio estão entre as prioridades do time. “Temos autonomia para propor projetos, buscar novas soluções e contribuir com a evolução do negócio. Isso faz com que a área de tecnologia esteja cada vez mais integrada ao planejamento estratégico da empresa”, completou Nizoli.
One STIHL Program
Um dos projetos de maior relevância na estratégia global da empresa é o One STIHL Program, que tem como objetivo unificar os processos e sistemas entre as unidades da STIHL ao redor do mundo. Em fase inicial de implantação, o programa prevê uma estrutura tecnológica única e integrada, permitindo que países compartilhem a mesma base de dados, infraestrutura e rotinas operacionais.
O projeto vem sendo conduzido de forma colaborativa entre diversas filiais da empresa, com envolvimento direto do Brasil. Segundo Nizoli, o país participa ativamente das reuniões técnicas e estratégicas, ao lado de representantes da Alemanha, dos Estados Unidos e das Filipinas. “Estamos participando dos grupos de trabalho, ajudando a desenhar a arquitetura das soluções e avaliando as necessidades de negócio de cada região”, comentou.
A padronização também trará mais agilidade na hora de implementar mudanças, já que uma atualização em um sistema poderá ser automaticamente replicada para todas as unidades. Com isso, a empresa reduz a complexidade de gerenciar diferentes versões de softwares e promove maior alinhamento global. A implementação completa do programa ainda deve levar alguns anos, mas os primeiros passos já estão em curso.
O uso de inteligência artificial na STIHL está em estágio inicial, com projetos-piloto em áreas como finanças. Segundo Nizoli, a adoção mais ampla de IA depende da consolidação do One STIHL Program, que permitirá maior padronização e qualidade na base de dados. “Com um sistema único e uma base limpa, conseguimos avançar mais rapidamente com soluções de IA e garantir sinergia global”, afirmou.
Parceria com a SAP
A relação com a SAP no Brasil remonta a 1997, quando a STIHL implementou o ERP R/3 – sistema que ainda segue em operação. Em 2018, foi tomada a decisão de migrar para o SAP S/4HANA on-premises.
“Somos heavy users da SAP e temos uma relação muito próxima com o SAP Labs aqui no Brasil. Isso tem sido essencial para acelerar nossa jornada de digitalização”, explicou Nizoli. A empresa estuda, no futuro, uma possível transição para o modelo em nuvem, embora isso ainda não esteja no escopo imediato.