Com as cadeias globais de suprimentos sendo redesenhadas pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, muitos enxergam no Brasil uma oportunidade para se tornar alternativa de exportação. Mas para Arilton Teixeira, economista-chefe da Apex Partners, essa expectativa precisa ser vista com cautela.
Em entrevista à BM&C News, ele destacou que o agronegócio brasileiro tende a ser o setor mais favorecido nesse novo cenário. “Se a China taxa produtos agrícolas dos EUA, ela vem comprar da gente, e isso eleva os preços dos nossos produtos“, apontou.
No entanto, Arilton lembrou que a China também buscará exportar sua produção para outros mercados, o que pode pressionar os preços internos. “Temos uma força querendo puxar a economia para cima e outra puxando para baixo“, avaliou.
Custo Brasil limita ganhos em meio à crise global
Apesar das possíveis oportunidades, Teixeira foi enfático ao afirmar que os elevados custos operacionais do Brasil prejudicam sua competitividade internacional. Segundo ele, a alta carga tributária, o excesso de regulação e a insegurança jurídica tornam difícil imaginar que o país consiga capitalizar fortemente sobre as mudanças nas rotas do comércio global.
“O Brasil continua bastante vulnerável“, alertou. Ele afirmou que, para o país ser uma alternativa real à China ou a outros mercados asiáticos, teria sido necessário reduzir o risco fiscal, cortar impostos e simplificar a regulamentação — medidas que, segundo ele, não foram adotadas nos últimos meses.
Brasil fica atrás na disputa por oportunidades globais
Arilton Teixeira também rebateu a ideia de que o Brasil poderia se beneficiar indiretamente da realocação produtiva global. Ele explicou que algumas empresas podem tentar triangular suas exportações usando o Brasil como plataforma de reexportação para os EUA, mas o excesso de burocracia e a carga tributária elevada tornam essa operação pouco atrativa.
“Outros países asiáticos, com menos regulação e impostos, devem se beneficiar mais do que o Brasil“, concluiu.
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