
A trajetória de Juscelino Filho (União Brasil-MA) no primeiro escalão do governo federal chegou ao fim nesta terça-feira (8), pouco mais de dois anos após seu início. Oagora ex-ministro das Comunicações entregou o pedidode demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A decisão da saída ocorreu no mesmo dia em que a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentou ao STF (Supremo Tribunal Federal) uma denúncia por corrupção relacionada ao período em que ele atuava como deputado federal.
A saída de Juscelino foi acertada após uma reunião realizada na residência do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, em Brasília.
Estiveram presentes integrantes da cúpula do partido, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), o ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PE), além de líderes da legenda na Câmara e no Senado.
Após a reunião, os dirigentes partidários se reuniram de forma reservada e decidiram pela saída do ministro. O União Brasil deve manter a indicação para o cargo e negocia um novo nome — provavelmente outro deputado federal da legenda — para ocupar a pasta das Comunicações.
A denúncia da PGR acusa Juscelino de envolvimento em um esquema de desvio de emendas parlamentares destinadas à prefeitura de Vitorino Freire (MA), comandada por sua irmã, Luanna Rezende.
O Ministério Público aponta que os recursos teriam sido usados em troca de vantagens indevidas. A formalização da denúncia foi considerada determinante para a saída do ministro, que vinha sendo pressionado por integrantes do governo e pelo próprio presidente Lula, que já havia sinalizado que o manteria no cargo apenas até o eventual avanço das investigações.
Juscelino ocupava o cargo desde 1º de janeiro de 2023. Licenciado do mandato de deputado federal pelo Maranhão, ele deixa o governo após 27 meses no comando do Ministério das Comunicações.
Carta aberta de Juscelino Filho

Em nota oficial ao Portal iG, divulgada na forma de carta aberta, o ex-ministro afirmou que sua saída é uma forma de preservar o projeto político do governo e de se dedicar à sua defesa.
“Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha trajetória pública. Solicitei ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva meu desligamento do cargo de ministro das Comunicações. Não o fiz por falta de compromisso, muito pelo contrário. Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando”, escreveu Juscelino.
Na carta, ele destacou realizações de sua gestão, como a expansão do acesso à internet, o investimento no Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e a implantação da TV 3.0. Reforçou também sua confiança nas instituições e negou as acusações feitas pela PGR.
“Preciso me dedicar à minha defesa, com serenidade e firmeza, porque sei que a verdade há de prevalecer. As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal, para que isso fique claro. A justiça virá!”
Juscelino retorna agora à Câmara dos Deputados, onde reassume seu mandato parlamentar. Apesar da crise gerada pela denúncia, o União Brasil pretende manter o espaço no governo federal e seguir negociando a reposição do cargo com o Palácio do Planalto.
Até o momento, o nome do substituto ainda não foi definido oficialmente.