
A recente queda do petróleo tem agitado os mercados globais, com investidores tentando entender os desdobramentos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos e as respostas de outras economias. Helena Veronese, economista-chefe da B.Side, explicou em entrevista à BM&C News que o momento é de intensa volatilidade.
“Estamos no olho do furacão“, disse Helena, ressaltando que o mercado ainda está digerindo as notícias e buscando clareza sobre possíveis retaliações e negociações. “O petróleo está mostrando para a gente um cenário condizente com recessão: o mundo consumindo menos e produzindo menos petróleo.“
Segundo ela, o comportamento atual da commodity reflete a antecipação do mercado em relação a uma possível desaceleração global, embora ainda haja muitas incertezas no caminho. “Tem muita água para rolar debaixo dessa ponte”, completou.
Impacto da queda do petróleo para o Brasil
Questionada sobre os efeitos da queda do petróleo para a economia brasileira, Veronese foi direta: “Num primeiro momento, a balança comercial sofre.” Com os Estados Unidos sendo o segundo maior parceiro comercial do Brasil e o país exportando principalmente petróleo, minério de ferro e carne, as perdas iniciais são inevitáveis.
No entanto, a economista pondera que, com o tempo, novos acordos multilaterais podem ajudar a recuperar o equilíbrio comercial. “Se novos acordos forem fechados, a balança pode voltar a reagir”, destacou.
Inflação: alívio no transporte, pressão no câmbio
Em relação à inflação, Helena explicou que o cenário é complexo. Embora a queda no preço do petróleo tenha potencial para aliviar os custos de transporte e, por consequência, impactar positivamente diversos preços na economia, a alta do dólar deve ter peso maior no curto prazo.
“O dólar mais alto atrapalha de imediato”, afirmou. A economista alertou que a valorização da moeda americana, mesmo que temporária, afeta especialmente bens industriais e alimentos, puxando a inflação para cima.
Ela ressaltou que será preciso fazer as contas para entender o que terá mais impacto: o alívio do petróleo ou a pressão cambial. “A gente precisa ver o que vai pesar mais. Mas, de imediato, acredito que o dólar atrapalhe mais do que o petróleo para baixo.”
Cenário de incerteza ainda predomina
Helena Veronese enfatizou que o momento exige cautela e atenção aos próximos capítulos das negociações internacionais. Segundo ela, até agora, o mercado trabalha com muitas incertezas e especulações.
“Precisamos esperar os indicadores para saber se esse petróleo de recessão vai se concretizar”, afirmou. Enquanto isso, as expectativas seguem ancoradas na resposta de outros países às tarifas americanas e na evolução das negociações com os Estados Unidos.
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