
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou recentemente a revogação de uma norma estabelecida em 1995, que distinguia os serviços de telecomunicações dos provedores de internet. Esta decisão marca uma mudança significativa no regime tributário aplicado a essas empresas, que anteriormente estavam sujeitas a diferentes impostos. Enquanto as empresas de telecomunicações pagavam ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), os provedores de internet eram tributados apenas pelo ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza).
A norma de 1995 permitia que parte das empresas de internet dividisse suas receitas entre os dois serviços, reduzindo assim a carga tributária. No entanto, essa prática gerou disputas judiciais com os fiscos estaduais, que consideravam a diferenciação uma estratégia para evitar a cobrança do ICMS. Com a revogação da norma, a Anatel busca unificar a regulamentação e acabar com essa diferenciação tributária.
Quais são os impactos para os pequenos provedores de internet?
Os pequenos provedores de internet expressaram preocupações sobre os efeitos dessa decisão. Eles temem que a mudança possa prejudicar a competição no mercado de serviços online e aumentar os custos para os consumidores. A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) destacou que a norma de 1995 permitia que qualquer empresa prestasse serviços de internet sem a necessidade de autorização para atuar como uma empresa de telecomunicações.
Além disso, a decisão da Anatel pode ampliar seu poder de fiscalização, permitindo que a agência regule não apenas o mercado de telecomunicações, mas também temas relacionados à internet e plataformas digitais. Isso pode incluir a introdução de novas regras para tecnologias emergentes, como inteligência artificial e redes inteligentes.
Como a decisão da Anatel afeta o futuro da tributação?

O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, defendeu a medida como um passo necessário em direção à reforma tributária, que pretende unificar as alíquotas de impostos para diferentes serviços. A reforma, prevista para entrar em vigor em 2027, introduzirá um imposto sobre valor agregado que será aplicado igualmente a todos os serviços, eliminando a diferenciação atual entre ICMS e ISS.
As grandes empresas de telecomunicações, representadas pela Conexis, apoiam a decisão, argumentando que ela elimina a insegurança jurídica associada à norma de 1995. No entanto, provedores menores e associações como a Abranet expressam preocupações de que a mudança possa levar à concentração dos serviços de internet nas mãos das grandes empresas de telecomunicações, reduzindo a diversidade e a inovação no setor.
O que está em jogo para o ecossistema de internet no Brasil?
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, que tem se posicionado contra a decisão da Anatel desde 2022, argumenta que a norma de 1995 foi fundamental para a expansão e democratização dos serviços de internet no país. Segundo o comitê, o modelo de Serviço de Valor Adicionado (SVA) vigente permitiu o surgimento de novos modelos de negócios e impulsionou a inovação tecnológica.
Com a nova regulamentação prevista para 2027, o setor de internet no Brasil enfrenta um período de transição. As empresas terão que se adaptar a um novo cenário regulatório e tributário, que pode redefinir as dinâmicas de competição e inovação no mercado. A decisão da Anatel, portanto, representa um marco importante na evolução das políticas de telecomunicações e internet no país.
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