
A tão aguardada “libertação” do mercado, após a escalada das tarifas globais, deu lugar a um verdadeiro colapso de expectativas. A reação dos mercados foi “catastrófica“, segundo análise do apresentador Marco Prado, do programa Pre-Market. Em sua leitura, muitos investidores acreditavam que o preço das tarifas já estava embutido nos ativos, mas acabaram surpreendidos — e negativamente.
“O impacto foi violento. As commodities despencaram, o petróleo voltou a níveis de pandemia, com o barril do Brent negociado a US$ 65“, comentou Prado. Bolsas globais, especialmente na quinta e na sexta-feira, sofreram perdas expressivas, enquanto a perspectiva de uma recessão global se tornou dominante.
De acordo com o apresentador, as projeções de uma recessão mundial deram um salto preocupante: “As apostas para uma recessão global saltaram de 40% para 60%.” A elevação das tarifas pelos Estados Unidos desencadeou não apenas a queda dos mercados, mas também a retaliação imediata da China, que impôs um aumento de 34% nas tarifas sobre produtos americanos.
A deterioração das expectativas se espalhou pelos mercados. Nos Estados Unidos, os juros dos Treasuries de 10 anos recuaram para 3,9% ao ano, refletindo a percepção de enfraquecimento da economia e o aumento das apostas em cortes de juros já neste ano.
No Brasil, a reação seguiu o tom global. O Ibovespa, que chegou a resistir às quedas externas na quinta-feira, mas acabou sucumbindo na sexta-feira, encerrando a semana com queda superior a 3%. O dólar disparou e chegou a ultrapassar os R$ 5,80, evidenciando a aversão ao risco global.
Marco Prado observou que, embora as tarifas aplicadas pelo Brasil tenham sido mais brandas — de 10%, contra percentuais mais agressivos adotados por outros países — o efeito sobre a economia local não pode ser subestimado. “Não adianta a gente ter uma taxa menor se o mundo vai consumir menos“, avaliou. “O longo prazo é que vai definir realmente o quanto prejudicial foi essa decisão.“
Para o apresentador, a estratégia dos Estados Unidos se revelou um “tiro no pé“. Ele argumenta que, ao tentar fortalecer a América, a medida acabou enfraquecendo o próprio crescimento global e aumentando a dependência do país em relação ao restante do mundo. “Os Estados Unidos, embora sejam a principal potência global, ainda dependem dos demais“, afirmou.
Perspectivas para o mercado na próxima semana
O mercado seguirá em compasso de espera, monitorando as reações globais às medidas tarifárias e, principalmente, os desdobramentos políticos e econômicos das retaliações comerciais. A expectativa também se volta para possíveis declarações adicionais do Federal Reserve e de autoridades chinesas.
A agenda econômica da próxima semana contará com novos dados de inflação nos Estados Unidos, além de indicadores de atividade na Europa e na China. Por aqui, o foco será a evolução do câmbio e as repercussões fiscais internas, que podem ganhar novo peso diante do cenário externo adverso.
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