Do Lixo Fashion à Moda Circular

Caro (a) leitor (a),

Imagine caminhar por um deserto remoto e, em vez de areia e dunas, se deparar com montanhas de roupas descartadas. Esta cena não é ficção: todos os anos, cerca de 39 mil toneladas de roupas de marca são jogadas ilegalmente no deserto do Atacama, transformando a paisagem em um retrato do impacto ambiental do consumo excessivo.

O que você faz com as roupas que não quer mais? Doa? Frequentar brechós faz parte da sua opção de compras? Já ouviu falar em moda circular? A verdade é que todos consumimos muito mais do que realmente precisamos.

Brechós, upcycling, aluguel de roupas e revenda de peças de luxo são alternativas reais e viáveis para diminuir o impacto ambiental. – Foto: Getty Images/ND

A moda circular surge como uma resposta a esse modelo insustentável. Inspirada na economia circular, ela propõe uma mudança radical na indústria fashion, priorizando o reaproveitamento, a revenda, a reciclagem e a revalorização dos materiais, substituindo o ciclo linear de produção, consumo e descarte.

Segundo a Global Fashion Agenda, organização sem fins lucrativos, mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartadas nos últimos anos.

O filme House of Gucci é um exemplo disso. Baseado na história real da família Gucci, especialmente na ascensão e queda de Maurizio Gucci (Adam Driver), herdeiro da marca, e sua relação turbulenta com Patrizia Reggiani (Lady Gaga), uma mulher ambiciosa que se casa com ele e posteriormente se envolve em um plano para assassiná-lo, o longa retrata não apenas disputas internas e estratégias erradas, mas também a transição de uma marca que, em busca de modernização, perdeu parte de sua essência atemporal. O império fundado sobre peças icônicas, feitas para durar e passar de geração em geração, cedeu à pressão por inovação rápida, um reflexo do modelo predatório da fast fashion.

A Gucci sempre foi símbolo de peças atemporais, feitas para durar e ser passadas de geração em geração. No entanto, o filme mostra como a marca começou a perder esse DNA ao tentar modernizar sua identidade de forma equivocada.

Hoje, a Gucci entendeu o valor da sustentabilidade e investe em um modelo mais consciente, apostando em materiais reciclados, no mercado de segunda mão com a Gucci Vault e em uma produção responsável. A mudança da grife é um exemplo de como marcas precisam se adaptar para continuar relevantes em um mundo onde os consumidores estão cada vez mais atentos ao impacto de suas escolhas.

Brechós, upcycling, aluguel de roupas e revenda de peças de luxo são alternativas reais e viáveis para diminuir o impacto ambiental. Mas o mais importante é entender que a moda circular vai além da roupa — trata-se de um estilo de vida baseado na consciência e na responsabilidade. Cada peça que evitamos descartar faz diferença. Como bem disse Vivienne Westwood: “Compre menos, escolha melhor, faça durar.”

Lembro que quando jovem, uma das coisas mais legais era quando nos arrumávamos para sair na casa das amigas e sempre pegávamos roupas uma das outras emprestadas. Memórias afetivas da minha adolescência.

E você, está pronto para fazer parte dessa revolução? Mas uma coisa é certa, o seu armário pode ser o primeiro passo. Falo porque faço e recomendo!

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