
As tarifas anunciadas por Donald Trump e a retaliação imediata da China estão mexendo com o humor dos mercados globais e se refletindo diretamente na B3. Na avaliação de Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, o setor mais pressionado no curto prazo é o de petróleo, especialmente entre as empresas chamadas “junior”, que não contam com o colchão de dividendos para segurar a volatilidade.
“As juniors não têm dividendos. Com o petróleo em queda e o real mais valorizado, o investidor deve reduzir posições nesse setor”, disse Saravalle.
Além da pressão das tarifas, o movimento da Opep surpreendendo com aumento de oferta para maio intensifica o cenário negativo para o petróleo. De acordo com o estrategista, esse contexto pode até pesar sobre o desempenho do Ibovespa no curto prazo.
“O petróleo já vinha numa tendência de queda, e agora com a aceleração da oferta e a reação da China, a perspectiva para o setor piora”, acrescentou.
Petróleo e frigoríficos tendem a sofrer na bolsa
Entre os papéis que devem ser destaque negativo neste ambiente de pressão, Saravalle aponta:
- Petrolíferas juniors (empresas menores do setor, mais sensíveis ao preço do petróleo e ao câmbio, como Brava e Prio)
- Petrobras, ainda que tenha o diferencial dos dividendos, deve sofrer com menor geração de caixa.
- Setor de frigoríficos, como BRF e Minerva, que podem sentir os efeitos da queda da demanda global e da valorização do real.
Perspectiva positiva: consumo e educação podem ganhar com as tarifas
Por outro lado, o CIO da MSX Invest destaca que há setores que podem se beneficiar diante das trocas de tarifas. A expectativa de que o Federal Reserve possa ser forçado a reduzir juros mais cedo e a possibilidade de o Banco Central do Brasil não precisar elevar a Selic aos níveis anteriormente estimados, abrem espaço para ações ligadas à economia doméstica.
“Setores dependentes de juros, mais ligados à economia local, como consumo e educação, tendem a ter um desempenho melhor no curtíssimo prazo”, explicou Saravalle.
Entre os destaques positivos, ele cita:
- Varejo: Lojas Renner, Magazine Luiza
- Educação: grupos como Ânima Educação
Essas empresas são vistas como beneficiárias indiretas de um ambiente de juros mais baixos, que tende a aliviar o custo de capital e estimular o consumo das famílias.
“Não necessariamente vão sair ganhando mas por conta desse efeito aí da curva de juros os papéis podem ter bom desempenho pelo menos no no curtíssimo prazo”, destaca Saravalle.
Tarifas de Trump: mercado dividido entre exportadoras e economia doméstica
A visão de Saravalle é de que o cenário ainda é bastante desafiador e volátil, mas a diferença de impacto entre setores exportadores e os mais expostos à economia interna cria oportunidades táticas na bolsa brasileira.
“Ainda não é possível falar em tendência clara, mas no curto prazo vemos espaço para algumas ações da economia doméstica se destacarem positivamente, enquanto setores ligados às commodities (petróleo) devem continuar pressionados”, conclui o CIO.
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O post Trump e as novas tarifas: veja quem perde e quem pode se beneficiar na B3 apareceu primeiro em BM&C NEWS.