Órgão dirigente defende juízes espanhóis que anularam a condenação de Daniel Alves

O jogador brasileiro Dani Alves sai em liberdade provisória após pagar uma fiança de um milhão de euros, em 25 de março de 2025, na prisão espanhola de Brians 2, perto de BarcelonaLLUIS GENE

Lluís Gené

O órgão regulador dos juízes espanhóis expressou seu apoio aos magistrados que julgaram em apelação o brasileiro Dani Alves e que foram criticados por sua decisão de anular a condenação de 4 anos e 6 meses de prisão imposta ao ex-jogador por estupro.

“A revisão por tribunais superiores do que foi decidido por tribunais inferiores faz parte da normalidade do Estado de Direito”, indicou o plenário do Conselho Geral do Poder Judiciário (CGPJ) em um comunicado emitido nesta terça-feira (1º).

“A proteção e o apoio às vítimas, especialmente de crimes contra a liberdade sexual, não implicam a renúncia à presunção de inocência, que é um direito fundamental”, acrescentou a nota.

Em seu texto, o CGPJ enfatiza sua defesa aos magistrados das duas instâncias que, até agora, julgaram o caso, aos quais transmitiu “todo seu apoio, independentemente do teor de suas decisões”.

“É responsabilidade dos representantes políticos, quando discordam de uma decisão judicial, compatibilizar seu legítimo direito à crítica com a preservação da confiança da cidadania nas instituições”, lembrou a instituição.

Na sexta-feira, um tribunal de apelação anulou a condenação de 4 anos e 6 meses de prisão por estupro que a Audiência Provincial de Barcelona havia imposto a Daniel Alves no ano passado, considerando, entre outros pontos, que havia “insuficiências probatórias” na sentença e descrevendo o testemunho da denunciante como “não confiável”.

Os quatro magistrados absolveram assim o ex-jogador do Barça, que desde o ano passado estava em liberdade condicional após ter passado 14 meses na prisão, e revogaram as medidas cautelares.

A decisão, que pode ser recorrida ao Supremo Tribunal, foi amplamente criticada por setores feministas, assim como por vários ministros do governo de esquerda liderado por Pedro Sánchez.

Entre eles, a vice-presidente María Jesús Montero, que afirmou no sábado que era uma “vergonha que ainda se questione o testemunho de uma vítima e se diga que a presunção de inocência está acima do testemunho de mulheres jovens e corajosas”.

Muito criticada pela oposição, Montero pediu desculpas nesta terça-feira. “Se da literalidade da expressão que utilizei se pode concluir que eu coloquei em dúvida nada menos que a presunção de inocência, que é um pilar do nosso Estado de Direito, então evidentemente a retiro e peço desculpas”, disse à imprensa, antes de classificar a sentença como um “retrocesso”.

“É lógico e evidente o respeito deste governo pela justiça e pelas diferentes sentenças, mas esse respeito também não é antagônico à opinião sobre as mesmas”, defendeu a porta-voz do executivo, Pilar Alegría, nesta terça-feira.

Com gritos de “Eu acredito em você”, algumas centenas de manifestantes e coletivos feministas se reuniram na segunda-feira em Barcelona para protestar contra a absolvição do ex-jogador da Seleção Brasileira.

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