Assassinato de Mônica Cavalcante completa nove meses com acusado foragido e processo parado: ‘A falta dela é devastadora’, diz família


Momentos antes de ser morta, em São José da Tapera, vítima gravou vídeos falando do medo de ser assassinada pelo marido, Leandro Barros. Polícia diz que ele mudou visual para não ser encontrado. Mônica Cristina Gomes Cavalcante Alves, 26 anos, foi vítima de feminicídio em São José da Tapera, interior de Alagoas
Arquivo Pessoal
Desde que Mônica Cavalcante foi assassinada a tiros, em 18 de junho de 2023, na cidade de São José da Tapera, interior de Alagoas, sua família tem convivido com a dor da perda e o sentimento de impunidade. O crime completa 9 meses nesta segunda-feira (18).
O acusado do feminicídio é Leandro Pinheiro Barros, que à época era marido da vítima. Momentos antes de ser baleada, ela gravou vídeos falando das agressões que sofria com frequência e o medo de ser assassinada por Leandro. As gravações foram descobertas no celular de Mônica (assista abaixo).
“Parece que não caiu a ficha ainda. Foi muito brutal, muito cruel. A falta dela é devastadora. Pensar que uma menina tão jovem, tão amável e cheia de sonhos teve sua vida interrompida tão cedo”, lamenta a prima de Mônica, Heloísa Cavalcante.
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Mônica era servidora do Município e trabalhava como cuidadora de crianças com deficiência no Centro Municipal de Educação Infantil de São José da Tapera.
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O casal tinha dois filhos crianças. A prima de Mônica conta que os meninos sentem muita falta da mãe e perguntam por ela.
“Fazemos o que está ao nosso alcance para dar todos os cuidados necessários a eles. Porém, a presença e o amor da mãe deles, a gente não pode substituir. Eles ficam perguntando quando ela vai voltar. É muito triste ter que explicar que eles vão crescer sem a mãe”, conta.
Leandro mudou o visual para não ser reconhecido e preso
A Justiça determinou a prisão de Leandro no dia seguinte ao feminicídio, mas ele já havia fugido. Há indícios de que Leandro mudou o visual para dificultar ser encontrado, segundo informou ao g1 o promotor do Ministério Público de Alagoas (MPAL) que atua no caso, Fábio Bastos.
“Existem investigações sigilosas sobre o paradeiro dele através da Polícia Civil. O que posso dizer é que, segundo os informes policiais, Leandro estaria careca e aumentando de peso para manter o disfarce”, disse o promotor.
Leandro Pinheiro Barros, acusado de matar esposa em São José da Tapera
Reprodução/TV Gazeta
Após o crime, Leandro foi visto fugindo em um Jeep para Sergipe, onde morava o pai dele, que é sargento da Polícia Militar. Uma comissão de delegados foi formada e a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AL) chegou a pedir ajuda da Polícia Civil de Sergipe para localizá-lo.
Dias depois, o pai de Leandro, José Nilton Barros, entregou à polícia a arma do filho que teria sido usada no crime. Segundo a polícia, o pai de Leandro dava cobertura ao filho, mas agora José Nilton está preso, suspeito de participação em um outro homicídio ocorrido em janeiro.
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O delegado responsável pelo caso, Diego Nunes, informou que investiga se Leandro conta com a ajuda de outros parentes para se manter escondido e diz que as buscas pelo foragido continuam. “A previsão é de prendê-lo em breve”, afirmou.
A família de Mônica espera que a prisão do assassino torne o luto menos doloroso e cobra celeridade nas investigações para prender Leandro.
“A gente pede que sejam despendidos mais esforços, principalmente da polícia, já que cabe à polícia investigar e capturar o assassino. Pelo que a gente está vendo, existem informações, então por que ele não foi preso ainda?”, questiona Heloísa.
O processo contra Leandro na Justiça está suspenso e permanecerá assim por 20 anos ou até que ele seja preso. O promotor Fábio Bastos explica que isso acontece para que não haja prescrição – quando a Justiça perde o poder de punir alguém por um crime devido ao tempo decorrido.
“Uma hora ele vai ser preso. Ele vai escorregar, o disfarce vai cair ou alguém vai denunciar. Por isso a gente pede que as pessoas denunciem, se tiverem informação fidedigna sobre o paradeiro dele”, diz o promotor.
Quem tiver informação sobre o paradeiro de Leandro Pinheiro Barros pode ligar, de forma anônima e gratuita, para o 181 ou 180.
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*Sob supervisão de Cau Rodrigues
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