Trombofilia: entenda como a condição clínica aumenta o risco de trombose e perda gestacional


Hereditária ou adquirida, a trombofilia é uma predisposição à trombose relacionada a uma deficiência do organismo na ação das enzimas responsáveis pela coagulação do sangue. O trombo (ao centro) é uma massa de células e fibras que pode bloquear a passagem do sangue numa veia ou artéria
Getty Images via BBC
O diagnóstico de trombofilia, em especial durante a gestação, costuma ser recebido com estranheza pela maior parte dos pacientes. A surpresa em ser diagnosticado com essa condição clínica está relacionada, entre outros fatores, ao desconhecimento da população sobre o tema.
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Em resumo, a trombofilia é uma condição de saúde que pode propiciar anomalias na coagulação sanguínea e consequentes formações de trombos, ou seja, sangue coagulado no interior de um vaso sanguíneo.
O aumento do risco de trombose e as complicações gestacionais são algumas das alterações que a condição pode causar.
Nesta matéria você vai ver as seguintes informações:
O que é
Quais as causas
Quais os sintomas
Como diagnosticar
Como influencia na perda gestacional
🩸O que é?
A trombofilia nada mais é do que uma condição clínica, de caráter hereditário ou adquirido, que traz ao indivíduo o aumento das chances de se desenvolver trombose ao longo da vida. Essa condição afeta homens e mulheres.
De acordo com a médica hematologista Letícia Santos de Oliveira, em atuação no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), essa predisposição está relacionada a uma deficiência do organismo na ação das enzimas responsáveis pela coagulação do sangue.
Mais suscetíveis ao surgimento de trombos, os indivíduos com essa condição precisam redobrar a atenção quanto aos fatores que viabilizam o desenvolvimento da trombose.
“Tudo que causa uma obstrução do fluxo sanguíneo gera problemas e sintomas. Com a trombofilia há um aumento da capacidade de coagulação, então cresce o risco de se formar um coágulo dentro de uma veia ou de uma artéria e desse coágulo vir a obstruir o fluxo sanguíneo naquela região”, explica.
Ilustração mostra um exemplo de trombofilia, condição que aumenta o risco de coágulos sanguíneos
Wikimedia Commons/Domínio Público
🔎Quais as causas?
Há dois tipos de causas para a trombofilia, sendo elas hereditária ou adquirida. Segundo Letícia, a obesidade é um dos principais fatores de risco adquiridos e um dos mais prevalentes na população.
Hereditária: o indivíduo pode nascer com essa condição levando em consideração o histórico familiar e ter, ao longo do desenvolvimento, o acréscimo de fatores de risco;
Adquirida: em casos em que não há hereditariedade, fatores, como obesidade, uso de medicamentos específicos, câncer, gravidez, reposição hormonal e imobilização prolongada são consideradas condições adquiridas que intensificam a coagulação.
🤒Quais os sintomas?
Por se tratar de uma tendência à trombose, a trombofilia, em si, não apresenta sintomas no paciente, sendo possível que durante a vida esse indivíduo não apresente nenhuma complicação e nem descubra que possui a condição.
A percepção de sintomas se relaciona ao estágio em que a trombose já se desenvolveu. Nesses casos, os sintomas mais comuns são:
Inchaços
Dor persistente e localizada (geralmente nos membros inferiores)
Temperatura elevada na região do coágulo
Mudança na cor da pele
Dilatação das veias
Trombose
Freepik
👩‍⚕️Como diagnosticar?
O acompanhamento médico é fundamental para que a condição seja percebida e diagnosticada. O diagnóstico precoce, nos casos de trombofilia hereditária ou adquirida, possibilita o início do tratamento antes do avanço do quadro clínico e das complicações.
“A percepção de aumento que a gente tem dos casos acredito que seja porque antes era muito subdiagnosticado. A medicina evoluiu muito nos últimos anos e o acesso à informação também. Então as pessoas têm mais informações de quando procurar ajuda”, afirma a médica.
Para diagnosticar é importante que o indivíduo procure orientação de um médico hematologista e solicite exames específicos. A investigação da trombofilia costuma ser indicada especialmente quando há casos na família e para mulheres com histórico de abortamento.
🤰Como influencia na perda gestacional?
Durante a gravidez, o risco de trombose já apresenta um aumento, mas, em casos em que a paciente possui a trombofilia, as consequências da falta de acompanhamento e tratamento médico pode trazer consequências importantes, como o aborto e até a infertilidade.
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Além dos riscos de desenvolvimento de eventos trombóticos, a trombofilia pode impactar a vasculatura placentária, resultando em aborto, descolamento prematura da placenta ou pré-eclâmpsia, que significa o aumento da pressão arterial.
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Poliana Maria/Arquivo Pessoal
💊Qual o tratamento?
O tratamento dessa condição consiste em evitar que ocorra a formação de trombos no organismo do paciente. Esse tratamento, feito com base em medicamentos anticoagulantes, varia de acordo com cada caso e deve ser recomendado por um especialista.
No caso das mulheres gestantes, é preciso que o caso seja avaliado cuidadosamente, para que o melhor caminho seja prescrito. A aplicação diária de anticoagulantes na barriga durante e após a gestação é um dos tratamentos que pode ser recomendado.
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