Grupo de mulheres produz e doa toucas e mantas para asilos no interior de SP: ‘Criar uma rede do bem’


Doações feitas pelo grupo acontecem sempre no meio do ano, mas produção começa muito antes. Materiais são comprados pelo grupo, ou adquiridos por meio de doações e rifas. Grupo é formado por oito mulheres e existe há 15 anos
Arquivo pessoal
Lã, agulhas, um grupo de amigas e a vontade de ajudar ao próximo. Há 15 anos, Wanda Kichise saiu da capital e veio para o interior de São Paulo, onde decidiu reunir um grupo para levar sorrisos para idosos de asilos da região de Sorocaba (SP). Com oito mulheres que levam o altruísmo como meta de vida, nasceu o projeto “Novelos Solidários”.
O engajamento de Wanda com projetos sociais vem desde a juventude na capital, quando fazia sapatos para asilos. Ao se mudar para Sorocaba, viu uma oportunidade de dar continuidade à sua paixão.
“Isso sempre foi coisa minha, porque eu gosto muito de estar envolvida em projetos assim, tanto que sou voluntária na Santa Casa, no CHS. Quando vim morar para cá, fui montando o grupo com as minhas amigas que cooperam comigo. Fazemos sapatinhos, toquinhas, cachecóis, mantas, são os quadradinhos de amor”, explica.
As doações feitas pelo grupo acontecem sempre no meio do ano. Meses antes, Wanda entra em contato com o asilo escolhido para saber quais os procedimentos necessários para a doação e para apurar quantos idosos ficam no local. Cada mulher produz um item e, ao fim, formam um kit para ser doado.
Kits são feitos e entregues aos idosos entre junho e julho
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“Eu passo o material e a gente compra, ou ganhamos de amigos e vizinhos. Eu distribuo para as meninas e cada uma faz. Aí a gente se encontra, fazemos uma reunião e vamos para o asilo. Já doamos para asilos de Angatuba, Campina de Monte Alegre, Salto de Pirapora, Pilar do Sul, Sorocaba, entre outros”, comenta.
Os meses de junho e julho foram os escolhidos para que as doações fossem feitas por conta do início do inverno, estação que costuma ser dominada pelo frio.
“Eu penso em como estou aqui no meu banquete e ele lá, com frio? Essa vontade [de ajudar] vai surgindo. Eu falo que o meu lema é: quem vive sem servir, não serve para viver. Porque não é possível que ninguém consiga fazer nada em prol do semelhante”, diz.
‘Rede do bem’
Cada integrante é responsável pela montagem de um item que irá compor o kit
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A ideia de Wanda ao reunir o grupo foi “criar uma rede do bem”. A escolha de doar apenas para asilos foi feita pois, para ela, os idosos pertencem a um grupo “ignorado” pela sociedade.
“A gente vai atraindo as pessoas que pensam igual a gente. Eu gosto muito desses asilos mais carentes, porque você fala, ‘Meu Deus, ele tá precisando de um carinho’, e aí você chega com um mimo que às vezes, para você, é uma coisa tão insignificante, mas para eles faz tão bem’. É muito gratificante. Essa é a minha terapia”, diz.
Por isso, Wanda reuniu amigas que possuem habilidades diferentes e, para montar um kit especial, as amigas se especializaram em cada item elaborado, como toucas, cachecóis, mantas, entre outros.
“Fazemos diversos itens de diversos modelos. As mantinhas, por exemplo, são para os cadeirantes, para cobrir as pernas”, explica.
Produção é feita na casa de cada uma e montage de kits é feita perto da entrega dos presentes
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A recompensa por todo o trabalho está no momento em que a entrega é feita pelo grupo. Para Wanda, o preparo de todo item é feito imaginando o sorriso de quem receberá o presente.
“Eu penso que vai ser bom para eles, mas também é muito bom para mim. A satisfação, o prazer de você refletir ‘nossa, como eu pode contribuir’. É muito bom. Essa coisa do sorriso… hoje em dia, infelizmente, é algo raro”, comenta.
O senso de justiça e solidariedade é, inclusive, algo que Wanda deseja passar para sua família. “Eu já falei para o meu filho que essa é a última geração que pensa no próximo, infelizmente. Mas, na minha casa, é como se fosse o ponto de partida das coisas. Tampinhas, por exemplo, todo mundo que vem aqui e traz, eu levo para a Santa Casa. Recolho alimentos na igreja para montar cestas básicas. Tudo pensando no próximo.”
“Eu gosto de gente que me acrescenta, que me faz crescer, porque a gente tá aqui pra evoluir, senão, não vale a pena. O Novelo Solidário é uma ação que não para”, completa.
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