
Os incêndios florestais que devastam a Coreia do Sul dobraram de tamanho nesta quinta-feira (27) quando comparados ao dia anterior, segundo a agência Reuters. As autoridades classificaram os incêndios como o pior desastre natural do país, com pelo menos 27 pessoas mortas e templos históricos incinerados.
No condado central de Uiseong, o maior foco de incêndio já consumiu mais de 33 mil hectares, tornando-se o maior da história da Coreia do Sul. O recorde anterior era de 24 mil hectares, registrados em um incêndio em março de 2000, aponta a agência de notícias.
“Estamos em uma situação crítica nacional com inúmeras vítimas por causa da rápida propagação sem precedentes de incêndios florestais”, disse o presidente em exercício Han Duck-soo em uma reunião de resposta do governo.
Força-tarefa
Os militares sul-coreanos disponibilizaram combustível de aviação para ajudar a manter os helicópteros de combate a incêndios no ar por mais tempo nas regiões montanhosas no sudeste do país, onde os incêndios já duram quase uma semana.
Mais de 120 helicópteros foram mobilizados em três regiões para conter as chamas, segundo o Ministério da Segurança. Devido ao terreno montanhoso, a Coreia do Sul depende dessas aeronaves no combate a incêndios. Na quarta-feira (26), um piloto morreu ao cair durante a operação.
Fogo está se espalhando

Levados pelo vento e agravados pelo tempo seco, os incêndios avançam rapidamente para o leste, quase atingindo a costa. O fogo de Uiseong se espalhou em 12 horas, alcançando Yeongdeok, a 51 km de distância, segundo o Serviço Florestal Nacional.
Embora a agência meteorológica tenha previsto chuva para o sudoeste, a precipitação deverá ficar abaixo de cinco milímetros na maioria das áreas afetadas. “A quantidade de chuva será pequena, então não parece que será de grande ajuda na tentativa de extinguir o incêndio”, disse o ministro do Serviço Florestal da Coreia, Lim Sang-seop, em uma entrevista coletiva.
Os incêndios florestais deixaram um rastro de devastação em uma área equivalente a cerca de metade de Cingapura, destruindo tudo em seu caminho, incluindo templos e casas históricas em Gyeongsang do Norte, que possui regiões florestais montanhosas.
Templos históricos
Equipes de bombeiros estão de prontidão para proteger os Patrimônios Mundiais da UNESCO, a Vila de Hahoe e a Academia Confucionista Byeongsan, na cidade de Andong, caso um incêndio atinja o riacho que corre ao redor deles, segundo a Reuters.
A vila histórica abriga casas tradicionais coreanas com telhados de palha e uma academia confucionista de mais de 450 anos. Os incêndios também devastaram locais históricos, incluindo grande parte do Templo Gounsa, de 681. “Restos de 1.300 anos de história budista desapareceram”, disse Deungwoon, chefe do templo.
Especialistas disseram que o incêndio de Uiseong apresentou uma propagação extremamente incomum em termos de escala e velocidade, e que as mudanças climáticas devem tornar os incêndios florestais mais frequentes e mortais em todo o mundo.
Temperaturas mais altas amplificadas pelas mudanças climáticas contribuíram para as atuais condições sazonais de seca, “transformando paisagens secas em perigosos combustíveis para incêndios” na região, disse o grupo Climate Central, um órgão independente composto por cientistas e pesquisadores, em um relatório obtido pela agência.