
Uma vítima relatou foi extorquida por Ronny e obrigada a entregar quatro apartamentos para a milícia da região de Rio das Pedras e Muzema, além de transferir R$ 24 mil. Ex-PM alegou inocência no Conselho de Disciplina da Corporação. Ronny Pessanha e PMs do Bope durante uma operação
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O ex-policial militar do Batalhão de Operações Especiais Ronny Pessanha de Oliveira foi expulso da Polícia Militar em 2023 depois de uma condenação na Justiça por praticar extorsões a mando de milicianos na Zona Oeste do Rio.
Uma vítima relatou que foi extorquida por Ronny e obrigada a entregar quatro apartamentos para a milícia da região de Rio das Pedras e Muzema, além de transferir R$ 24 mil.
Ronny Pessanha foi preso na segunda (24), suspeito de treinar traficantes do Comando Vermelho para combates contra facções rivais e contra a polícia. A facção assumiu o controle de favelas da região depois de disputas com a milícia,
Na decisão de expulsão da Polícia Militar, o Conselho de Disciplina afirmou que “a conduta do acusado constitui grave afronta a sociedade e a própria democracia, na medida em que a atuação dessas ditas organizações criminosas cerceiam a liberdade de milhares de cidadãos que vivem sob sua influência, cujo modus operandi, alicerça-se covardemente com o emprego do terror e medo”.
Relato de extorsão
Ex-PM do Bope é preso por suspeita de treinar traficantes no Rio
O g1 teve acesso à decisão do Conselho de Disciplina da Polícia Militar que determinou a expulsão de Ronny, conhecido como Caveira.
O documento cita que Ronny foi condenado a 5 anos e sete meses de prisão, em regime semiaberto, por participar de uma organização criminosa, recolhendo taxas de segurança de comerciantes e empresários locais, além da exploração imobiliária clandestina.
Um dos trechos cita o depoimento de uma testemunha que afirmou que, em 2019, Ronny praticou extorsão contra ele na obra de um prédio. A localidade exata não foi descrita no relato.
Segundo o relato da vítima, que fez o registro de ocorrência do caso na Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Ronny apareceu no local de fuzil e posteriormente o obrigou a fazer transferências bancárias que somaram R$ 24 mil.
Essa mesma pessoa relatou que foi obrigada, após ser ameaçada pelo “Caveira”, a transferir quatro apartamentos do prédio em construção para o nome de um dos milicianos da região. O mesmo depoimento cita que Ronny teria participado de um homicídio e ocultação de cadáver de um senhor.
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Em 2020, Ronny foi denunciado pelo Ministério Público por atuação na milícia daquela região, atuando nas extorsões e na segurança de Taillon Pereira Barbosa, que foi chefe da milícia após a prisão do pai, Dalmir.
Em 2023, Tailon foi confundido com um dos três médicos que acabaram mortos por traficantes na Barra da Tijuca. Poucos meses depois, foi preso pela PF.
No documento da PM, são citadas denúncias anônimas que já narram a atuação de Ronny na quadrilha em 2018.
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Ex-PM alegou inocência
Durante o processo disciplinar na corporação, Ronny alegou inocência e que somente conhecia Taillon, porém não sabia que ele participava da milícia de Rio das Pedras.
Sobre o caso de extorsão em 2019, ele disse que foi cobrá-lo para realizar uma obra em sua casa. A obra, no entanto, nunca foi executada.
Ronny ainda disse que realizava alguns eventos nas áreas da Muzema, Tijuquinha e Rio das Pedras, mas que nunca tinha pedido autorização para a milícia que dominava a região.