Polícia pede prisão preventiva de PM que matou estudante de medicina

São Paulo — A Polícia Civil pediu a prisão preventiva do policial militar Guilherme Augusto Macedo, que matou o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, em novembro de 2024, durante uma abordagem da PM em um hotel na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo. O inquérito policial que apurava a morte foi concluído na última sexta-feira (3/1), por meio do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

Ao Metrópoles, o pai de Marco Aurélio, o médico Julio Cesar Acosta Navarro disse que o pedido de prisão é o primeiro passo na busca por justiça. Ele acredita que a carta aberta que escreveu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ajudou na finalização do inquérito.

“O que eu quero com toda essa luta é sofrer em paz e não com o sentimento de raiva dos assassinos estarem [livres] por aí […] Eu vou dedicar minha força e todas as minhas habilidades para ir atrás dos culpados, mas não com ânimo de pura vingança, por uma questão de honra. Eu vou atrás para que o sacrifício do meu filho tenha um simbolismo, para evitar outras desgraças”, disse.

O procedimento foi relatado à Justiça como “prisão preventiva do autor do disparo por homicídio doloso eventual”. A Polícia Civil aguarda a manifestação do Poder Judiciário sobre o pedido.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o PM já havia sido indiciado por homicídio doloso e está afastado das atividades. O outro policial que participou da abordagem, Bruno Carvalho do Prado, também está afastado.

Relembre o caso

Uma câmera de segurança Hotel Flor da Vila Mariana, na Rua Cubatão, zona sul da capital paulista, registrou a morte de Marco Aurélio. Pelas imagens (assista abaixo), é possível ver o momento em que o jovem entra correndo no hotel. Ele está sem camisa. O soldado da PM Guilherme Augusto também entra, logo em seguida, e puxa o jovem pelo braço, com a arma em punho.

O estudante consegue se desvencilhar, quando outro policial, o soldado Bruno Carvalho do Prado, aparece e lhe dá um chute. O jovem segura o pé do PM, que se desequilibra e cai para trás. Nesse momento, o PM Augusto dá um tiro em Marco Aurélio.

Cronologia da morte de estudante

Gabi Morena, como é conhecida Gabriele, de 21, relatou ao Metrópoles como foi o dia da morte de Marco. A jovem estava em um bar com suas amigas quando viu o estudante, também conhecido como “Bilau” e Boy da VM, passar com seus amigos. Há dois anos sendo “mais do que amigos”, eles costumavam se encontrar e sair juntos com frequência.

“Foi tudo muito rápido”, falou Gabriele sobre a sequência de eventos. Ela lembra de ver Marco “se defendendo, tentando”, mas ele estava encurralado. Ela lembra de ouvir os agentes da Polícia Militar falando que Marco era “louco” por bater na viatura (veja abaixo). Ela estava gritando, pedindo para os policiais pararem, quando o recepcionista a puxou para o lado. “Eu ouvi o barulho do disparo em menos de cinco segundos. Foi algo que traumatizou a minha vida”, revelou.

“Eu tirei ele [recepcionista] da frente e vi ele [Marco] caindo lentamente, olhando para mim. É algo que nunca vai sair da minha cabeça. Ele olhava para mim, ele não chorava, ele não esboçava nada, ele só me olhava”, contou Gabriele. “Em menos de dois minutos, ele [policial] baleou uma pessoa que era tudo para mim.”

A jovem foi colocada em um quarto, onde teve que ficar “presa” até o socorro chegar. Segundo Gabriele, a ambulância demorou. “Levaram o meu menino a troco de nada”, lamentou ela.

Quem era o estudante

Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, estudava medicina na Faculdade Anhembi Morumbi e chegou a gravar músicas com o nome artístico “MC Boy da VM”. No time de futebol da universidade, o estudante era conhecido como “Bilau”.

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Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, era conhecido como "Bilau"

Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, era conhecido como "Bilau"
Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, era conhecido como "Bilau"
Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, era conhecido como "Bilau"
PM mata estudante de medicina durante abordagem em SP
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Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos

Reprodução/Redes Sociais

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Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, era conhecido como “Bilau”

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Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, era conhecido como “Bilau”

Reprodução/Redes Sociais

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PM mata estudante de medicina durante abordagem em SP

Reprodução

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PM mata estudante de medicina durante abordagem em SP

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Segundo familiares, ele jogava futebol

Arquivo Pessoal

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Marco Aurélio Cardenas Acosta estudava medicina

Arquivo Pessoal

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O estudante era universitário da Anhembi Morumbi

Arquivo Pessoal

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Marco Aurélio tinha 22 anos

Arquivo Pessoal

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Marco Aurélio e seu pai, Julio

Arquivo Pessoal

Em seu perfil no Instagram, Marco Aurélio se descrevia como “mestre de cerimônia” e “compositor”. No Spotify, o estudante publicou duas músicas, nos anos de 2022 e 2023. O jovem fez a última publicação cerca de 30 minutos antes de morrer.

A Associação Atlética Acadêmica de Medicina Anhembi publicou nota de luto pelo estudante: “A Medicina Anhembi manifesta profundo pesar pelo falecimento do nosso querido aluno do internato, Marco Aurélio Cardenas Acosta, apelidado como ‘Bilau’”.

“Neste momento de imensa dor, nos solidarizamos com seus familiares, companheiros de time e colegas, que perderam não apenas um companheiro de jornada, mas também um amigo. Que sua memória seja sempre lembrada com carinho e que sua trajetória inspire a todos nós”, completa o texto.

O time de futebol do curso de medicina também prestou homenagens em seu perfil. “Com grande tristeza viemos comunicar através deste que nosso companheiro de time e amigo, Marco ‘Bilau’ Acosta, veio a nos deixar.”

“Nesse momento de tristeza, a Família Fut Med Anhembi expressa toda a sua solidariedade e carinho por nosso querido amigo e seus familiares. Bilau, sempre nos lembraremos de você com muito amor e carinho”, diz a publicação.

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