Ciclista morto disse à família que voltaria “em breve” para tomar café

O ciclista e farmacêutico Tiago Gonçalves de Oliveira (foto em destaque), 38 anos, prometeu à família dele que voltaria para o café da manhã, antes de sair para pedalar e ser atropelado por um carro de passeio no acostamento da BR-070, na altura de Taguatinga Norte, na manhã de quarta-feira (1°/1).

Parentes da vítima relataram que Tiago saiu de casa para pedalar na Floresta Nacional de Brasília (Flona) no primeiro dia do ano, e quando retornava para casa, foi atropelado por Adeison de Jesus Souza, 35, que fugiu do local sem prestar socorro.

Tiago chegou a ser reanimado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), após os militares passarem 53 minutos tentando retomar os batimentos cardíacos do ciclista no local do acidente. O rapaz, no entanto, não resistiu e faleceu no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) na terça-feira (2/1).

A vítima deixa dois filhos de 15 e 5 anos. Na quinta-feira, ao saber da morte do pai, o caçula de Tiago teria perguntado aos familiares se “teria como Deus trazer o pai de volta”.

Tiago era farmacêutico e tinha uma drogaria na QNL, em Taguatinga.

Homicídio doloso

Andeison de Jesus Souza se apresentou na 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte), na tarde dessa sexta-feira (3/1). De acordo com o delegado-chefe Mauro Aguiar, responsável pela investigação do caso, ele será indiciado por homicídio doloso com dolo eventual. “Por excesso de velocidade, o motorista perdeu o controle e atropelou na faixa de acostamento, sem chance de defesa da vítima”, explicou o delegado.

Além de Adeison, um amigo do motorista foi preso por ajudar a esconder o carro em uma casa em Águas Lindas (GO). O veículo foi localizado coberto por uma lona e ainda apresentava marcas de sangue e avarias. Ele foi encaminhado para o Instituto de Criminalística (IC) para perícia.

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O advogado Ricardo Costa, responsável pela defesa de Adeison, afirmou que seu cliente atropelou o ciclista após se distrair ao olhar o celular enquanto dirigia.

Segundo o advogado, o motorista não havia bebido no momento do acidente e estava acompanhado de uma mulher no veículo. Ainda conforme a versão apresentada, o carro foi para o acostamento quando Adeison desviou a atenção para o celular. O advogado alegou que, após o atropelamento, o motorista parou para prestar socorro, mas deixou o local ao perceber que outras pessoas estavam ajudando e por medo de ser linchado.

Familiares da vítima que estavam na 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte) contestaram a versão, afirmando que Adeison fugiu sem oferecer assistência. Durante o depoimento, gritaram palavras como “assassino” e questionaram: “Vale tudo por dinheiro?”. Após o depoimento, os policiais escoltaram o suspeito pela porta dos fundos da delegacia, o que gerou ainda mais revolta.

“A gente vê o assassino do meu primo sair daqui no carro da polícia como se estivesse indo passear”, desabafou Ana Gonçalves Soares, prima de Tiago.

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