Temporada de verão: como se prevenir dos ‘perigos ocultos’ em praias do litoral de SP


Médicos infectologistas dão dicas para evitar doenças infecciosas nas praias. Temporada de Verão atrai milhares de turistas para Baixada Santista
Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal
Verão, sol e praias lotadas. Este é o cenário comum na Baixada Santista, no litoral de São Paulo, a partir da chegada da estação. O momento de lazer, porém, também pode representar riscos aos banhistas, uma vez que o mar e a areia são capazes de abrigar agentes infecciosos. Médicos infectologistas ouvidos pelo g1 destacaram medidas preventivas para resguardar a saúde durante o período.
✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp.
A expectativa dos municípios da região era receber aproximadamente nove milhões de turistas entre dezembro de 2024 e março de 2025. As prefeituras apontaram ações especiais adotadas para proporcionar melhores experiências aos visitantes, entre elas, o reforço na limpeza da orla.
Além das medidas públicas, cuidados pessoais também podem ajudar o banhista a aproveitar a praia. Os médicos infectologistas Leonardo Weissmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, e Roberto Focaccia, da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), apontaram uma série de dicas:
Areia 🏖️
Segundo os especialistas, a areia pode transmitir micoses cutâneas, infecções por bactérias e parasitas intestinais. Além disso, as fezes de animais também causam doenças como verminoses intestinais (entenda abaixo).
A areia também pode esconder’ objetos descartados de forma irregular na orla, conforme destacado pelos infectologistas. A Prefeitura de Praia Grande revelou ter recolhido mais de 900 toneladas de materiais diversos no penúltimo Réveillon, por exemplo.
“Além de causar ferimentos que podem servir como porta de entrada para bactérias, esses objetos podem estar contaminados com agentes infecciosos, como o tétano, presente no ambiente e associado a materiais metálicos enferrujados”, destacou Weissmann.
Limpeza das praias após o Réveillon em Guarujá (SP)
Prefeitura de Guarujá/Divulgação
Nestes casos, segundo Focaccia, a recomendação é procurar atendimento médico para diminuir os riscos de tétano e infecções bacterianas. Weissmann ainda sugeriu evitar a esterilização com produtos improvisados, como álcool ou vinagre, pois podem irritar o tecido lesionado.
“Uma pequena ferida negligenciada pode se transformar em uma grande ameaça à saúde. Além disso, objetos contaminados podem transmitir infecções virais, como as hepatites virais B e C”, disse Weissmann.
Ao sofrer um ferimento, segundo Weissmann, o ideal é lavar o local com água limpa e sabão para reduzir o risco de infecção inicial. Em caso de sangramento, o infectologista recomendou aplicar pressão na área com um pano limpo e buscar atendimento médico.
Mar 🌊
Bandeira vermelha da Cetesb
Divisão de Laboratório de Cubatão
Ainda segundo Focaccia, as medidas preventivas podem ser tomadas antes mesmo do dia na praia. Ele recomendou a preferência por locais com boa balneabilidade [qualidade da água para atividades de recreação] indicada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
A escolha, segundo ele, auxilia na prevenção da contaminação por enterobactérias e vírus causadores de infecções e diarreias graves, assim como a hepatite A (infecciosa). O médico ainda alertou sobre contaminantes químicos despejados no mar e aconselhou evitar os desaguadouros dos canais.
Além disso, pessoas com cortes na pele estão vulneráveis a infecções mais graves que podem ser contraídas na água, como a sepse, uma resposta inflamatória severa a uma infecção que pode levar à disfunção de órgãos.
Animais 🐕
Em municípios da Baixada Santista, o acesso de animais na faixa de areia é permitido em certos trechos, como no caso de Santos (SP). Os especialistas, porém, destacaram que os animais podem transmitir e contrair doenças caso não haja cuidados.
Segundo Weissmann, uma das doenças mais comuns é a larva migrans cutânea, conhecida como bicho geográfico, causada por parasitas presentes em fezes de animais. Neste caso, o agente infeccioso pode se abrigar na areia caso o dejeto não seja recolhido.
Danielle corre com a cachorra Kloe na orla da praia três vezes por semana
Anna Gabriela Ribeiro / G1
Além disso, ele alertou para micoses como a pitiríase versicolor, infecção que provoca manchas na pele, mais claras ou escuras que o tom natural. O médico destacou que as fezes podem atrair moscas e outros vetores, aumentando o risco de transmissão de microrganismos.
Aos tutores, a recomendação é recolher os dejetos dos pets usando sacos plásticos adequados e também garantir que os animais estejam devidamente vacinados e livres de parasitas.
Recomendações
Caso um morador ou turista encontre algum objeto inadequado na faixa de areia, a recomendação dos municípios é o descarte do material na lixeira mais próxima. Se houver algum risco, como materiais perfurocortantes, orienta-se que a pessoa informe imediatamente a equipe de limpeza ou a administração local, para que o recolhimento seja feito de forma segura.
Outra alternativa é colocar os resíduos em uma garrafa pet. Neste caso, é preciso cortar o recipiente ao meio e fechar com fita adesiva antes de descartá-lo no lixo comum, protegendo também os coletores.
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos
Adicionar aos favoritos o Link permanente.