A interlocutores, diretor-geral da Abin diz que não agiu para abafar investigação


Luiz Corrêa teve duas reuniões com ministro Rui Costa e se disse revoltado com o que considerou uma distorção criminosa da Polícia Federal na operação contra suposta espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência. Luiz Fernando Corrêa em sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal.
Roque de Sá/Agência Senado

O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, passou o dia acompanhando a operação da Polícia Federal contra suposta espionagem ilegal na agência e se reuniu duas vezes com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
A interlocutores, Corrêa se disse revoltado com o que considerou uma distorção criminosa da Polícia Federal. Segundo seu relato, a PF teria feito uma interpretação distorcida de uma reunião que ele teve com oficiais de inteligência, no dia 28 de março do ano passado.
Segundo o relatório da PF, o encontro teria o objetivo de boicotar as investigações. O número 2 de Luiz na Abin, o delegado Alessandro Moretti, teria dito que o trabalho apuratório teria “fundo político e iria passar”. E aponta que Luiz Corrêa sequer deveria participar do encontro, pois ainda não estava nomeado para a função.
Ao ministro, Luiz Corrêa confirmou a presença na reunião. Disse que participou porque estava indicado para o cargo e tentava pôr fim a uma crise, aberta com as investigações da PF e a sindicância interna aberta para apurar na Abin.
Os oficiais estavam com medo de depor na Polícia Federal, pois teriam suas identidades e métodos de trabalho revelados. Mesmo sem estar nomeado, Luiz Corrêa ligou para o diretor-geral da PF, Andrei Passos, e o chefe da inteligência, delegado Rodrigo, e expôs a situação.
Sempre de acordo com o relato de Luiz ao ministro, ficou acertado que a Federal iria identificar os oficiais de inteligência em autos apartados. Ou seja, nos depoimentos eles seriam identificados apenas por número, preservando seus nomes, que estariam ao alcance da justiça em volumes separados do inquérito.
A reunião, defendeu-se Luiz Corrêa, foi para dizer que todos deveriam depor. Versão bem diferente da descrita pela Polícia Federal. Segundo a PF, o número 3 da Abin, Paulo Maurício, já afastado, disse que o encontro tinha objetivo de “tentar acalmar a turma”. Para Rui, Luiz Corrêa relatou que os termos são coerentes, já que o objetivo era pôr fim à crise e dizer que os depoimentos não iriam violar os sigilos profissionais dos servidores da Abin, nem suas identidades.
O ministro não pediu o cargo, nem Luiz Corrêa falou em entregá-lo.
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