
Durante participação no programa BM&C News, o economista VanDyck Silveira fez uma análise contundente sobre o cenário fiscal do Brasil, especialmente no que diz respeito à proposta de aumento de imposto sobre altas rendas. Para ele, a política atual tem gerado um ambiente hostil ao empreendedorismo e à inovação, enquanto favorece o rentismo e perpetua distorções no uso dos recursos públicos.
“O Brasil não produz inovação. Nosso único unicórnio é o Nubank. A última invenção foi o motor a álcool, nos anos 80. O país gasta mal e pune quem trabalha”, afirmou Silveira. Ele criticou o foco do governo em aumentar a carga tributária para profissionais liberais e empresários de pequeno e médio porte, enquanto mantém gastos sociais e subsídios que consomem uma parcela significativa do PIB.
Brasil gasta com previdência
Silveira destacou que, somados, os gastos sociais (como Previdência e programas de transferência de renda) e as renúncias fiscais somam mais de 38% do PIB. “O problema está nos R$ 600 bilhões de renúncia fiscal, como a Zona Franca de Manaus e os subsídios a grandes empresas. Mas em vez de cortar isso, o governo prefere tributar quem ganha R$ 50 mil por mês — que no Brasil parece muito, mas no padrão global é classe média.”
O economista alertou ainda para o risco de a alta dos juros — que se aproxima dos 15% — consolidar um ambiente econômico baseado no rentismo. “Estamos empurrando o investidor para a renda fixa. O capital deixa de ir para o setor produtivo e fica parado em aplicações. Isso mata o crescimento”, argumentou.
Outro ponto destacado foi o uso do MEI como forma de driblar a elevada carga tributária, que Silveira considera reflexo de um sistema trabalhista ultrapassado. “As leis trabalhistas são velhas e já não funcionam. O Brasil precisa modernizar sua estrutura fiscal e parar de punir quem está ajudando a mover a economia”, afirmou.
Silveira concluiu que o foco do debate fiscal deve mudar. “Não se trata de proteger os ricos. Trata-se de não penalizar a produtividade, a inovação e o investimento. Cortar privilégios e rever subsídios é o caminho. Continuar como está é garantir que o Brasil siga consumindo a si mesmo.”
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