A sustentável leveza do Pulse

A sustentável leveza do PulseEduardo Rocha

Pulse estratégico

Sistema híbrido leve do crossover da Fiat foca em consumo urbano e emissões

por Eduardo Rocha

Auto Press

A Stellantis escolheu o motor GSM T200 para apresentar os primeiros resultados do desenvolvimento da chamada tecnologia bio-hybrid para o Brasil, que combina motor flex e eletrificação. E entre as marcas do grupo, coube à Fiat estrear a novidade no mercado, oferecida nas versões Audace e Impetus dos modelos Pulse e Fastback, sempre com o motor 1.0 turbo de três cilindros e com os mesmos 125/130 cv de potência e 20,4 kgfm de torque das versões térmicas. O acréscimo no preço dos modelos, pelo menos nesse período de lançamento, é de R$ 2 mil. No caso da unidade avaliada, um Fiat Pulse Impetus T200 Hybrid Flex, isso significa que o preço foi de R$ 138.990 para R$ 140.990.

A tecnologia consiste em um motor elétrico que funciona tanto como alternador quanto como propulsor, que também substitui o motor de arranque. Ele está ligado fisicamente ao motor a explosão e a alimentação do sistema é promovida por duas baterias de 12 V: uma normal, de 68 Ah, que fica no cofre do motor, e outra sólida, de íon de lítio, alojada sob o banco do motorista. A central eletrônica coordena a ação de cada um dos elementos desse conjunto, sem qualquer intervenção do motorista.

Esse sistema, em que o motor elétrico não tem capacidade de movimentar o carro, é classificado como híbrido leve e tem como única função aliviar o trabalho do motor a explosão em momentos críticos para economizar combustível. Esses momentos são principalmente as arrancadas e retomadas em baixas velocidades, típico de tráfego nas cidades.

Nessas situações, entre 1.500 e 3 mil giros, a central eletrônica canaliza os 4 cv de potência e o 1 kgfm de torque do motor elétrico exclusivamente para reduzir o esforço do motor a explosão, sem afetar o desempenho do carro, como acontece com outros sistemas híbridos leves. A ação do motor elétrico pode representar até 25% do esforço total na arrancada e reduz conforme o motor ganha giro até o ponto em que passa a funcionar apenas como gerador para recarregar o sistema.

Tanto que a melhora no consumo aferida pelo InMetro se dá apenas nas avaliações em trajeto urbano. A média de consumo de etanol passou de 8,4 para 9,3 km/l e com gasolina foi de 12,1 para 13,4 km/l – uma redução de 10,7%. As medições em ambiente rodoviário, por outro lado, não apresentam qualquer alteração. Se mantiveram em 10,2 km/l de etanol e 14,4 km/l de gasolina.

Apenas dois detalhes visuais denunciam que o Pulse é dotado de um sistema híbrido leve: um emblema azul na tampa do porta-malas com os dizeres “Hybrid” em branco. Por dentro, novamente aparece a palavra “Hybrid” na parte inferior do painel e ainda há um medidor da carga do sistema elétrico na borda do conta-giros.

Mais que uma estratégia para ampliar as vendas, o movimento da Fiat ao oferecer veículos híbridos é uma antecipação às exigências que vêm aí do Proconve L8, que entra em vigor em janeiro de 2025 e reduz a tolerância às emissões a cada dois anos até 2031. Por isso, a tendência é que o motor T200 com sistema híbrido leve aposente rapidamente o T200 convencional. Atualmente, a Stellantis usa o motor T200 nos Fiat Pulse, Fastback e Strada e nos modelos 208 e 2008 da Peugeot e C3, Basalt e C3 Aircross da Citroën. De qualquer forma, a novidade deve dar um embalo nos emplacamentos do crossover, que atualmente é o 23º veículo mais vendido do país, com média de 3.200 unidades mensais (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).

Ponto a ponto

Desempenho – O sistema híbrido não interfere diretamente no desempenho do motor GSE 1.0 Turbo de três cilindros, ou T200. E nem era preciso. Com potência de 125/130 cv e torque de 20,4 kgfm, ele lida muito bem com os 1.245 kg do Pulse Impetus com sistema híbrido leve, que adiciona 8 kg ao modelo. O conjunto não chega a oferecer um comportamento esportivo. O câmbio CVT tira um pouco da agilidade de resposta em solicitações mais bruscas, mas ainda assim oferece boas arrancadas e retomadas. Não há sensação de falta de potência em nenhuma faixa de giro. Nota 8.

Estabilidade – O Pulse tem suspensão com acerto macio e elevada, com 19,5 cm de distância para o solo. Essa combinação permite um certo movimento da carroceria que o torna o carro menos neutro que o desejável. No entanto, a versão Impetus conta com rodas aro 17 e pneus 205/50, com 10,25 cm de flanco, que melhoram sensivelmente a pisada do crossover. Ele apresenta uma certa rolagem lateral nas curvas, mas nada muito dramático. Nota 7.

Interatividade – O modelo traz um painel digital de 7 polegadas configurável que facilita bastante a interação como o veículo e na versão híbrida ganhou um marcador que aponta o nível de carga do sistema elétrico. No mais, não houve mudanças no conteúdo. O Pulse Impetus traz ainda espelhamento com smartphones sem cabo e GPS nativo. A tela sensível ao toque com 10,1 polegadas é elevada e oferece boa visibilidade. As demais funções se oferecem através controles bem clássicos e não é necessário aprender os comandos para acionar os recursos. O volante multifuncional traz do lado esquerdo botões para navegar no computador de bordo e usar os comandos de voz e telefonia, enquanto o lado direito é destinado ao controle de cruzeiro e traz um vistoso botão vermelho Sport, para alterar o modo de condução. Na parte de trás do volante há controles para o volume e sintonia para o som. Nota 8.

Consumo – De acordo com o Inmetro, o Fiat Pulse Impetus 200 Turbo Hybrid Flex registrou médias de 9,3/10,2 km/l com etanol e 13,4/14,6 km/l com gasolina, na cidade/estrada. O consumo mais próximo entre cidade e estrada se deve ao sistema híbrido leve, que só atua em giros médios e baixos, típicos de ambiente urbano. A redução foi de 10,7%, o que deixou o Pulse híbrido mais econômico que o com motor 1.3 aspirado. Este consumo rende nota A na categoria e C no geral. Nota 8.

Conforto – A suspensão macia, apesar de elevada, filtra bem as irregularidades e gera muito conforto na rodagem. Os bancos têm ergonomia correta, com bom apoio lateral. A insonorização da cabine é boa, principalmente em relação a ruídos aerodinâmicos, de rodagem e do motor, mas não filtra tão bem outros ruídos externos. Nota 8.

Tecnologia – O Pulse tem uma arquitetura montada a partir da plataforma do Argo. A ponto de as esquadrias de portas e tampa da mala serem as mesmas do hatch. Como é um projeto mais recente, o SUV traz recursos mais atualizados, como alerta de colisão frontal com frenagem autônoma, monitor de faixa e farol alto automático. A conectividade da central Uconnect é das mais práticas do segmento, com espelhamento de smartphones sem fio, tela de 10,1 polegadas e GPS interno. Mas o ponto alto é a nova motorização híbrida, que deixou o modelo bem mais econômico. Nota 9.

Habitabilidade – O Pulse tem dimensões internas semelhantes às do Argo, mas com altura mais elevada. Isso se reflete na posição dos passageiros, que fica mais vertical, o que otimiza a ocupação longitudinal. Traduzindo: a área da cabine é generosa para pernas, cabeças e ombros principalmente na frente. O acesso é facilitado pela altura do veículo e o porta-malas, com 370 litros, tem tamanho razoável para o segmento. Nota 8.

Acabamento – A Fiat segue a filosofia de criar texturas e padrões agradáveis, mesmo sem usar materiais requintados ou caros. No caso da versão Impetus do Pulse, o interior tem um maior refinamento por conta dos revestimentos dos bancos e as áreas de toque, como câmbio, volante e apoios nas portas em couro sintético. Além disso, o revestimento de colunas e teto são em preto, o que dá um certo requinte. Nota 8.

Design – As linhas do Pulse não têm ousadia, mas são bastante agradáveis. A pintura em dois tons e as novas rodas dão um toque de sofisticação ao modelo. O crossover tem três anos de mercado e deve resistir mais um ano pelo menos antes de uma atualização no visual. Os volumes são equilibrados, embora previsíveis, e combinam com harmonia linhas orgânicas com detalhes geométricos. Nota 7.

Custo/benefício – Em três anos de mercado, o Pulse já conquistou um bom público e por isso a Fiat mudou ligeiramente o patamar de preço do modelo. Quando chegou, era um dos SUVs mais baratos, mas agora essa posição é ocupada por Renault Kardian e Citroën C3 Aircross. Ainda assim, é bem mais em conta que Volkswagen Nivus ou Chevrolet Tracker com conteúdo semelhante. E atualmente é o único SUV compacto que oferece um sistema híbrido. Nota 8.

Total – O Fiat Pulse Impetus 200 Turbo Hybrid Flex somou 79 pontos em 100 possíveis.

 

Impressões ao dirigir

Simples e eficiente

Se não fosse a plaqueta na tampa da mala e o painel com o marcador de energia e a inscrição “Hybrid”, nada indicaria que o Pulse se tornou um veículo híbrido leve. Pelo menos até encarar os dados de consumo do computador de bordo. No uso em trânsito urbano, com o pé com peso correto, não é difícil conseguir ótimas médias de consumo. Desde que o modelo foi avaliado por Auto Press, há dois anos, o Pulse passou também por outras evoluções. A mais flagrante são as reações dos sistemas de condução autônoma nível 2. Antes eram um tanto grosseiras e agora estão bem mais refinadas e menos escandalosas.

O que não mudou foi o desempenho do modelo, bastante convincente. O Pulse tem boa potência e é bem esperto em qualquer faixa de giros. Ele se entende bem com o câmbio CVT, que atrasa um pouco as reações, mas não tira o ímpeto do crossover. Nas tocadas mais agressivas, a suspensão muito macia permite uma rolagem nas curvas um pouco exagerada, que provoca mais desconforto do que insegurança.

As demais funções típicas de um SUV/Crossover são bem cumpridas pelo Pulse. O espaço interno é generoso, com boa altura na cabine e espaço para pernas. A rodagem é silenciosa e macia. Os bancos são confortáveis e ergonômicos. E tem um ótimo padrão de interatividade, com espelhamento simples, carregador por indução e central multimídia com GPS interno. Praticamente todos os comandos importantes podem ser feitos a partir do volante multifuncional. Tudo no Pulse busca simplificar a relação com os ocupantes e com isso consegue promover um convívio fácil e agradável.

 

Ficha técnica

Fiat Pulse Impetus Turbo 200 Hybrid Flex

Motor: Gasolina/etanol, transversal, dianteiro, com 999 cm³, sobrealimentado por turbo, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, eixo de comando simples no cabeçote e injeção eletrônica multiponto.

Motor elétrico: Com 12 V, 3 kWh (4,08 cv) de potência e 1,02 kgfm de torque. Dianteiro transversal acoplado mecanicamente ao motor a explosão com funções de arranque, propulsão e gerador, alimentado por uma bateria auxiliar de íon de lítio.

Transmissão: Automático continuamente variável, CVT, com sete relações pré-programadas à frente e uma à ré. Tração dianteira com sistema de tração TC+ para limitação do escorregamento do diferencial.

Potência: 125 cv a 130 cv, com gasolina e etanol, a 5.750 rpm.

Torque: 20,4 kgfm, com gasolina ou etanol, a 1.750 rpm.

Diâmetro X curso: 70,0 x 86,5 mm.

Taxa de compressão: 10,5:1.

Aceleração 0-100 km/h: 9,7/9,4 segundos com gasolina/etanol.

Velocidade máxima: 187/189 km/h com gasolina/etanol.

Carroceria: Utilitário esportivo (SUV) com quatro portas e cinco lugares. Com 4,10 metros de comprimento, 1,78 m de largura, 1,58 m de altura e 2,53 de distância entre-eixos. Altura mínima para o solo de 19,6 cm. Ângulo de 20,4º de ataque e de 31,6º de saída. Airbags frontais e laterais de série.

Suspensão: Dianteira tipo McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais. Traseira com eixo de torção com amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais.

Freios: Dianteiro a disco ventilado com 284 mm de diâmetro com pinça flutuante. Traseiro a tambor com regulagem automática. ABS com controle de partida em rampa e controle de estabilidade.

Pneus: 205/50 R17.

Peso: 1.245 kg em ordem de marcha com 400 kg de capacidade de carga.

Porta-malas: 370 litros.

Lançamento: novembro de 2024.

Produção: Betim, Minas Gerais.

Preço: R$ 140.990.

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