Quem foi Mona Lisa? O mistério em torno da obra de Leonardo da Vinci

Muitas já foram Mona Lisa ao longo da história, incluindo o próprio Leonardo da Vinci, que, segundo se contava, teria se vestido de mulher e retratado a si próprio. Contudo, a versão mais aceita nos círculos artísticos é que Mona Lisa era Lisa Gherardini, nascida em Florença, em 15 de junho de 1479, numa família da baixa nobreza italiana. Casou-se aos 16 anos com o comerciante Francesco del Giocondo. Ele teria encomendado a Leonardo o quadro de sua mulher para celebrar sua prosperidade econômica e os três filhos que Lisa já lhe havia dado à época em que posou para o pintor.

Outra hipótese é que o retrato, na verdade, é de uma das mulheres mais ilustres do Renascimento, a rica e poderosa Isabela d’Este, marquesa de Mântua. Fascinada pelo talento de Leonardo, por oito anos ela lhe teria implorado que a retratasse. De fato, em 1500, o artista fez um retrato da marquesa que hoje se encontra no Louvre. Embora defendida em 1946 pelo historiador Raymond Stites e mais recentemente pelo especialista japonês Hidemichi Tanaka, essa hipótese não obteve unanimidade.

No fim do século 19, houve quem defendesse que a verdadeira modelo seria a aristocrata de Nápoles Costanza d’Avalos, duquesa de Francavilla. A hipótese foi popular na Itália na primeira metade do século 20, apoiada por historiadores como Adolfo Venturi e Benedetto Croce, e chegou a constar no verbete referente a Mona Lisa na Enciclopédia Italiana, em 1933. Constanza era mulher do aristocrata Federico del Balzo, que no século 15 lutou pela reconquista de Nápoles à França.

Para os nobres italianos, parecia melhor que o retrato mais famoso da pintura de seu país fosse de uma patriota, mas a hipótese é derrubada por argumento temporal implacável: em 1503, quando a modelo de Mona Lisa posou para Leonardo, Constanza já estava na casa dos 40 anos, com muito mais idade que a Gioconda.

O historiador e biógrafo Carlos Vecce, autor de livros sobre Leonardo, defendeu na década de 1990 que Mona Lisa era Isabella Guallanda, uma dama napolitana considerada meretriz de luxo. Segundo essa hipótese, Leonardo teria começado a pintar Lisa Gherardini, mas teria abandonado o quadro quatro anos depois. Apenas no período em que esteve em Roma, de 1513 a 1516, integrando a comitiva do nobre Giuliano de Médici, ele teria retomado a obra.

Leonardo teria recebido a encomenda de retratar Isabella e acabou “aproveitando” o retrato inacabado de Lisa e completando com traços da nova retratada. A explicação carece de fontes, uma vez que não há nenhum registro de que o artista tenha pintado algo de importante no período em que esteve em Roma, mas a hipótese é defendida pelo maior especialista italiano no pintor, o historiador Carlo Pedretti, que, antes de defender Lisa como Isabella, afirmou em 1956 que a retratada era a amante de Giuliano de Médici, Pacífica Brandano, ou mesmo sua mulher, Filiberta de Savóia.

Este texto faz parte do especial “100 obras essenciais da pintura mundial” e foi originalmente publicado em 2008

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