De Allan dos Santos à Viúva Negra: os brasileiros na lista da Interpol

A lista de alerta vermelho da Interpol chega ao fim de 2024 com 82 criminosos brasileiros. Assassinos, estupradores, traficantes e assaltantes aparecem entre os representantes nacionais na relação dos mais procurados do mundo. Alguns deles estão foragidos há décadas, sem que a polícia saiba o real paradeiro.

Dos 82 nomes brasileiros na lista da Interpol, 76 são homens, e seis, mulheres. Um deles, por exemplo, é Allan dos Santos, ou melhor, Allan Gabrecht dos Santos, de 28 anos, que chama a atenção por ser homônimo do blogueiro Allan Lopes dos Santos, que está foragido nos Estados Unidos, e a Justiça brasileira negocia acordo de extradição.

O Allan dos Santos da lista da Interpol é, na verdade, um brasileiro, supostamente integrante da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele entrou na relação dos mais procurados do mundo a pedido da polícia do Paraguai. Natural de São Paulo, ele é acusado no país vizinho de associação criminosa, tráfico de drogas e posse ilegal de armas de fogo.

“Viúva Negra”

Já na “ala feminina” do Brasil na Interpol está, por exemplo, Heloísa Gonçalves Duque Soares Ribeiro, de 74 anos, que ficou conhecida como “Viúva Negra”. Foragida há mais de três décadas, ela é suspeita de matar ex-companheiros, entre 1971 e 1993, para ficar com heranças milionárias.

De cinco suspeitas de assassinato, ela foi condenada a 18 anos de prisão em um dos casos, somente, ocorrido em 1991 e referente ao quarto companheiro, o coronel Jorge Ribeiro.

Conforme a investigação, ele foi amarrado, torturado e morto com marretadas na cabeça, na zona sul do Rio de Janeiro. Heloísa foi acusada de ser a mandante do crime e de facilitar a fuga do assassino.

imagem colorida do registro da viúva negra no site da interpol
Registro de alerta vermelho contra a “Viúva Negra” no site da Interpol

Execução de líderes do PCC

Outra mulher brasileira que aparece na lista da Interpol é Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos, de 51 anos. Natural de Cubatão (SP), ela é procurada desde fevereiro de 2018 por suspeita de envolvimento nas mortes de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca. Ambos integravam a alta cúpula da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).

Gegê e Paca foram mortos a tiros numa emboscada na aldeia indígena de Aquiraz, no Ceará. Maria Jussara foi denunciada pelo Ministério Público e aparece na lista de réus referente ao caso. A polícia acredita que ela pode ajudar a esclarecer a motivação do crime e levar ao mandante dos assassinatos. A investigação aponta que ela ajudou na logística e garantiu as condições necessárias para a execução.

Maria não é a única entre os envolvidos no caso que está na lista da Interpol. Outros dois nomes de foragidos aparecem no alerta vermelho. São eles: Erick Machado Santos, de 40 anos, e Renato Oliveira Mota, 34. O primeiro, conhecido como “Neguinho Rick”, é apontado como o chefe do PCC na Baixada Santista. O segundo teria ajudado na logística de movimentação dos executores.

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Foragido envolvido nas mortes de Gegê do Mangue e Paca, então líderes do PCC em 2018

Foragido envolvido nas mortes de Gegê do Mangue e Paca, então líderes do PCC em 2018
Uma das últimas imagens de Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos, divulgada pela Polícia do Ceará
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Foragida envolvida nas mortes de Gegê do Mangue e Paca, então líderes do PCC em 2018

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Foragido envolvido nas mortes de Gegê do Mangue e Paca, então líderes do PCC em 2018

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Foragido envolvido nas mortes de Gegê do Mangue e Paca, então líderes do PCC em 2018

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Uma das últimas imagens de Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos, divulgada pela Polícia do Ceará

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Assassinatos no topo da lista

Entre os crimes cometidos pelos brasileiros que estão na lista da Interpol os homicídios ocupam a primeira posição. Um deles ficou conhecido no sul do Brasil como Caso Carol Seidler. A menina, de 7 anos, teria sido assassinada pela própria mãe em dezembro de 2014, em Tubarão (SC). A mãe dela, Silvana Seidler, está foragida há 10 anos.

O corpo da criança foi encontrado dentro de uma caixa de brinquedos, no quarto dos fundos da casa, com sinais de esganadura, horas após a fuga de Silvana. Ela havia procurado a polícia em 22 de dezembro de 2014, informando que a filha estava desaparecida. O comportamento suspeito, no entanto, chamou a atenção da investigação, e a mãe acabou fugindo da cidade.

Outro foragido é Jaílson Martins da Silva, de 30 anos. Ele foi condenado no ano passado a mais de 28 anos de prisão por atirar em quatro pessoas, incluindo uma criança, de 2 anos, em maio de 2019, em Tarumirim (MG). O motivo teria sido o distrato da venda de um pássaro por R$ 400. Umas das vítimas morreu em decorrência dos ferimentos.

Em 2022, ele voltou a agir e fez outra vítima, dessa vez no Pará. Jailson matou a companheira, a jovem Claini Gomes dos Santos, de 23, grávida de quatro meses. O crime ocorreu na cidade de Palestina (PA). O motivo, segundo a polícia, seria porque ele queria que a mulher abortasse a criança, mas ela não aceitou.

Entre os assassinos brasileiros procurados pela Interpol aparecem, ainda, Tanus dos Santos, de 30 anos, acusado de matar quatro pessoas da mesma família, incluindo a ex-mulher, em 2013, em Guajará-Mirim (RO); Celso Schmitt, conhecido como Celso Gaúcho, de 56, procurado pelo assassinato de um policial em 1999; e Deusdete Alves Pereira, 62, acusado de matar a ex-mulher, em 2007, em Curitiba (PR).

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Jailson Martins da Silva, foragido procurado pela Interpol

Jailson é procurado pela polícia do Pará por ter matado a própria mulher, que estava grávida de 4 meses
Tanus dos Santos, suspeito de matar a ex-mulher e outras três pessoas da mesma família em Rondônia
Deusdete Alves Pereira, acusado de matar a ex-mulher em Curitiba (PR) em 2007
Celso Schmitt, foragido desde 1999 por matar um policial
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Carol Seidler, acusada de matar a própria filha em 2014, em Tubarão (SC)

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Jailson Martins da Silva, foragido procurado pela Interpol

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Jailson é procurado pela polícia do Pará por ter matado a própria mulher, que estava grávida de 4 meses

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Tanus dos Santos, suspeito de matar a ex-mulher e outras três pessoas da mesma família em Rondônia

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Deusdete Alves Pereira, acusado de matar a ex-mulher em Curitiba (PR) em 2007

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Celso Schmitt, foragido desde 1999 por matar um policial

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Ex-presidente da Nissan e da Renault é um dos procurados

A inclusão na lista da Interpol não significa que a pessoa seja, necessariamente, procurada por crimes cometidos no país de origem, pelo contrário. Em muitos casos, inclusive entre os 82 brasileiros, os delitos ocorreram em outros países, e os dados foram inseridos no sistema por solicitação das polícias desses locais.

Um deles é o ex-presidente da Nissan e da Renault, no Japão, o executivo Carlos Ghosn Bichara, de 70 anos. Ele é franco-libanês-brasileiro e foi preso, em 2018, acusado pela Justiça japonesa de cometer crimes financeiros, com suspeitas de omissão de ganhos e uso indevido de ativos das empresas onde trabalhava. O caso rendeu o desligamento dele do cargo de presidente.

Carlos Ghosn
Carlos Ghosn

Em 2019, no entanto, após ser libertado condicionalmente, sob fiança, e passar mais de 100 dias na prisão, o empresário deixou, clandestinamente, o país, com destino ao Líbano. Desde então, Carlos Ghosn é considerado foragido. Até hoje, a saída dele do Japão rende especulações e curiosidades, pois o executivo havia entregado o passaporte durante a custódia.

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