Love bombing: como reconhecer quando amor em excesso é sinal de abuso?

Provavelmente, você já ouviu o termo love bombing, afinal, dentro do dicionário da paquera, a prática é conhecida por ser uma das mais comuns e temidas por quem está vivendo a batalha de ser um solteiro em um mundo no qual o flerte ocorre, principalmente, on-line.

Bombardeio de amor, em tradução livre, é uma forma particularmente maldosa de terminar uma relação, pois pode ser difícil de identificar, tornando mais custoso para as vítimas buscarem ajuda. É por isso que é crucial não apenas saber o que é love bombing, mas ser capaz de reconhecer os seus sinais.

Entendo o que é

Em termos de definição, o bombardeio de amor é considerado uma tática de abuso em que uma pessoa enche a outra de afeto, elogios, presentes e atenção para ganhar sua confiança e depois a manipula e descarta.

Leninha Wagner, psicóloga PhD em neurociência,  afirma que a prática costuma ocorrer no começo dos relacionamentos.

“Pode parecer um gesto de afeto genuíno, mas, na realidade, muitas vezes, é uma estratégia manipuladora. O objetivo, consciente ou inconsciente, é criar dependência emocional, fazendo com que a outra pessoa se sinta única e profundamente conectada, enquanto quem pratica assume o controle da dinâmica relacional”, explica.

Para reconhecer que está lidando com um love bombing, é preciso entender as etapas em que o abuso ocorre. “Primeiro, há uma fase de intensidade extrema, com gestos grandiosos, mensagens constantes, presentes e promessas de amor eterno. A vítima é idealizada, colocada em um pedestal, recebendo atenção que pode parecer até avassaladora”, descreve Wagner.

A psicóloga aponta que, no entanto, à medida que o vínculo emocional se estabelece, a pessoa manipuladora começa a retirar gradualmente esse afeto ou a condicioná-lo a determinados comportamentos.

“Esse ciclo de “dar e tirar” cria insegurança e dependência na vítima, que passa a buscar incessantemente a validação do parceiro”, exemplifica a especialista.

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Outro sinal é a falta de interesse em fazer planos juntos ou realizar atividades a dois

Redução no contato físico, abraços, beijos e relações íntimas, momentos próximos raros ou inexistentes e sensação de frieza e afastamento físico são outras formas de abuso que nem sempre são fáceis de identificar
Se perceber esses sinais, é fundamental conversar com seu parceiro sobre o ocorrido
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Um dos desafios mais intensos num relacionamento é o chamado “afastamento silencioso”

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Outro sinal é a falta de interesse em fazer planos juntos ou realizar atividades a dois

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Redução no contato físico, abraços, beijos e relações íntimas, momentos próximos raros ou inexistentes e sensação de frieza e afastamento físico são outras formas de abuso que nem sempre são fáceis de identificar

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Se perceber esses sinais, é fundamental conversar com seu parceiro sobre o ocorrido

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Como isso afeta a vítima?

Como todas a formas de abuso emocional, o love bombing pode afetar as vítimas de inúmeras maneiras. Isso inclui impactos na saúde mental, em relação a relacionamentos futuros e mesmo relacionamentos existentes , como com amigos e família.

“O impacto pode ser profundo. A vítima geralmente experimenta uma confusão emocional, pois a retirada repentina do afeto a faz questionar o que fez de errado”, comenta Wagner. “Essa dinâmica pode destruir a autoestima, gerando sentimentos de culpa e inadequação.”

Além disso, a longo do prazo, a pessoa pode desenvolver dificuldades em confiar em si mesma e nos outros, prejudicando futuros relacionamentos. “O love bombing pode levar a uma dependência emocional intensa, onde a vítima sente que só é valiosa se estiver recebendo atenção ou aprovação do parceiro.”

Existe alguma forma de identificar ou prevenir o bombardeio de amor?

De acordo com a psicóloga, é possível identificar sinais. “Um ritmo muito rápido no início do relacionamento, com promessas grandiosas ou gestos excessivos, pode ser um alerta. É importante refletir se o vínculo está sendo construído com base na reciprocidade ou se há um desequilíbrio de poder.”

“Para prevenir, é essencial estabelecer limites saudáveis, respeitar o próprio tempo e não abrir mão da individualidade”, acrescenta.

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