Pai de estudante de medicina morto por PM publica carta aberta a Lula

São Paulo — O pai do estudante de medicina morto por um policial militar durante abordagem em um hotel na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, no dia 20 de novembro, publicou, nessa sexta-feira (20/12), uma carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No texto, o médico Julio Cesar Acosta Navarro pede justiça pelo que aconteceu com seu filho, Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos.

Julio Cesar aponta já ter passado 30 dias desde a tragédia que destruiu sua vida e de sua família. Ele diz que o jovem foi assassinado “da maneira mais cruel e covarde pelo estado de São Paulo e pelas mãos de membros da Polícia Militar com cumplicidade da hierarquia superior.”

No relato, o médico peruano contou que, no dia da morte de Marco Aurélio, encontrou o filho ainda com vida no hospital. “Sinto a dor dilacerante, a angústia e a raiva de lembrar as últimas imagens dele, me pedindo para salvá-lo, deitado em uma sala de emergência, em choque hemorrágico, sussurrando: ‘pai, me ajuda’”, escreveu.

Ele explicou que a justiça dos homens é o que resta agora e, por isso, o pedido enviado ao presidente Lula. “Os policiais militares Guilherme Augusto Macedo e seu comparsa Bruno Carvalho do Prado, que em maior número, maior tamanho, treinamento militar, superprotegidos e armados com todas as armas, atiraram covardemente à queima-roupa no meu filho que usava um short e um chinelo por opção de sua personalidade”, lamentou Julio.

Na carta aberta, o pai do estudante de medicina cita também os nomes do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. Na sexta-feira, 81 organizações assinaram uma denúncia contra os dois junto à Organização dos Estados Americanos (OEA) pelo aumento da violência policial em São Paulo.

“Eu mesmo fui testemunha direta naquela madrugada da atitude de PMs, em várias oportunidades, quando eu cobrava o paradeiro do meu filho [que] me foram negadas. Além de que, todos mostravam uma mania de pegar suas armas como se eu, baixinho, professor, de paletó, cabelo grisalho, fosse um ‘Rambo’ ameaçador para eles”, escreveu Julio.

Dizendo respeitar e admirar a trajetória de vida de Lula, fez um apelo de última esperança para aliviar a dor de sua família.

Confira a carta na íntegra em publicação no Instagram:

 

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