Número de diagnósticos de câncer de pele aumenta quase 200% em Juiz de Fora; pessoas com albinismo precisam redobrar os cuidados


Neste ano, até 6 de dezembro, a cidade registrou 231 ocorrências da doença e duas mortes. O tumor é o mais comum no Brasil, representando cerca de 30% de todas as notificações. Usar protetor solar é uma das principais estratégias para prevenir o câncer de pele, imagem ilustrativa
GETTY IMAGES via BBC
Neste ano, até 6 de dezembro, Juiz de Fora registrou 231 casos de câncer de pele e dois óbitos. Já em todo o ano de 2023, foram contabilizados 82 diagnósticos positivos e cinco mortes, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Isso representa um aumento de 181% nas confirmações, o que evidencia a importância da campanha do Dezembro Laranja, para que as pessoas conheçam os sinais e os cuidados necessários para se prevenir.
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Enquanto algumas pessoas usam um pote de protetor solar por ano, principalmente em ocasiões de viagens para a praia, Elizabeth Moura, de 40 anos, relata que usa um por mês, embora saia pouco de casa. Os cuidados dela precisam ser redobrados, pois ela é uma pessoa com albinismo, uma condição genética que afeta a capacidade de se defender da exposição ao sol pela diminuição ou ausência de melanina, o que pode aumentar em até mil vezes o risco de câncer de pele.
“Uso sempre protetor solar, com fator 50 para cima no corpo e, no rosto, tenho usado um com fator 70. Também uso protetor labial e óculos escuros com proteção contra radiação ultravioleta (UV). Se estiver em casa, passo os protetores pela manhã e reaplico à tarde, depois do almoço. Se estiver na rua, com muita exposição ao sol, levo comigo e reaplico a cada 2 horas. Uso, em média, um tubo de 350 ml por mês, mas não saio muito durante o dia, apenas para fazer o necessário ou, raramente, para passeios. Uso também sombrinhas com proteção quando preciso andar a pé pelo meu bairro e, às vezes, quando a exposição solar é maior, roupas com proteção UV, mas são poucas vezes, porque geralmente essas roupas são caras”.
Elizabeth usa, em média, um tubo de 350 ml por mês de protetor solar
Elizabeth Moura/Arquivo Pessoal
Elizabeth ainda destaca que, sempre que possível, evita se expor ao sol nos horários das 10h às 16h. Além disso, ela consegue usar o produto de forma correta, na quantidade certa e em casa, porque o Coletivo Nacional das Pessoas com Albinismo tem uma parceria com uma empresa privada que doa protetores solares periodicamente desde o ano passado.
🔎 Um frasco de 350 ml para o corpo custa entre R$ 50 e R$ 200, o que representa um custo elevado quando precisa ser utilizado com frequência. E ainda há o específico para o rosto.
Pouca informação
As famílias de muitos bebês que nascem com albinismo não recebem orientações adequadas dos médicos sobre o diagnóstico e os cuidados necessários. “No Coletivo Nacional das Pessoas com Albinismo, ouvimos relatos de pais que foram orientados por médicos a dar banho de sol em seus filhos com essa condição genética”, diz Elizabeth.
Quando Elizabeth nasceu, os pais dela foram informados de que ela tinha albinismo e que não deveria tomar banho de sol, mas faltaram outros cuidados em relação à pele.
“Quando eu tinha uns quatro anos, uma pediatra disse à minha mãe que eu deveria usar camisas de manga longa, bonés, chapéus e evitar o sol ao máximo. Minha mãe seguiu as orientações, dentro do possível. Na época, o acesso ao protetor solar e a roupas de proteção era ainda mais difícil”, complementou.
Ela apresenta alguns sinais na pele, resultado da infância e do início da adolescência, quando brincava ao sol, como as outras crianças. Apesar de nunca ter suspeitado de câncer de pele, Elizabeth faz acompanhamento médico regular com uma dermatologista. O efeito do sol é cumulativo e, com o tempo, pode surgir uma lesão, que deve ser tratada o quanto antes para evitar complicações maiores.
Câncer de pele
Segundo a dermatologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF/Ebserh), Suélia Longo, o câncer de pele é o tumor maligno mais comum no Brasil, representando cerca de 30% de todos os casos registrados no país.
A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. “Essas células se organizam formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, são definidos os diferentes tipos de câncer”, explica a médica.
Suélia Longo
Suélia Longo/Arquivo Pessoal
A médica relata que o câncer de pele pode se assemelhar a pintas, eczemas ou outras lesões benignas. A identificação da doença só pode ser feita por meio de um exame clínico realizado por um dermatologista ou por meio de uma biópsia.
Sinais e sintomas da doença:
Lesão elevada e brilhante, avermelhada, rósea, acastanhada ou multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente;
Pintas pretas ou castanhas que mudam de cor, textura, tornam-se irregulares nas bordas e crescem de tamanho;
Manchas ou feridas que não cicatrizam, que aumentam de tamanho, com coceira, crostas, erosões ou sangramento.
A principal causa do câncer de pele é a exposição solar, principalmente devido ao clima tropical do Brasil. Contudo, também existe a predisposição genética, como em casos de pessoas com albinismo e histórico de tumor na família.
Cuidados para a prevenção:
Uso de protetor solar com FPS 30 ou superior em todas as áreas da pele expostas ao sol, devendo reaplicá-lo a cada 2 horas em caso de exposição solar contínua e transpiração excessiva;
Uso de roupas protetoras com tecido de proteção UV, como chapéu de aba larga, camiseta e óculos escuros com proteção UV;
Evitar o sol nos horários de pico, geralmente entre 9h e 15h. Esses são os períodos de maior intensidade da radiação solar, aumentando os riscos de queimaduras e danos à pele;
Consultar um dermatologista regularmente.
*estagiária sob supervisão de Carol Delgado.
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