
Mostra estreia no Instituto Moreira Salles (IMS) neste sábado (22) com obras de 41 artistas, como Rosana Paulino, Bispo do Rosário, Heitor dos Prazeres, Emicida, Madalena Santos Reinbolt, Maria Auxiliadora. Instituto Moreira Salles (IMS) de Poços de Caldas faz exposição sobre Laudelina de Campos Mello
IMS Poços de Caldas/Divulgação
O Instituto Moreira Salles (IMS) abre, neste sábado (22), a exposição “Dignidade e Luta: Laudelina de Campos Mello”, em Poços de Caldas (MG). A mostra aborda a trajetória, o pensamento e o legado da ativista pelos direitos das empregadas domésticas.
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Com um olhar aprofundado sobre sua trajetória, destacando seu papel como líder cultural e política, a mostra reúne fotografias, matérias de imprensa, documentos e objetos pessoais de Laudelina.
Há obras de 41 artistas de várias gerações e regiões do país, como Rosana Paulino, Bispo do Rosário, Heitor dos Prazeres, Emicida, Arjan Martins, Madalena Santos Reinbolt, Maria Auxiliadora e Dayane Tropicaos, que discutem o tema do trabalho doméstico, numa intersecção entre o legado de Laudelina e as lutas contemporâneas.
Conheça a trajetória da mulher referência na luta por direitos de empregadas domésticas
A mostra enfatiza a importância de suas ações culturais, como piqueques que organizava para as trabalhadoras domésticas, proporcionando ao mesmo tempo, momentos de lazer e união para mulheres que, até então, eram excluídas desses espaços, e ocupando o espaço público de Campinas de forma pacífica.
As obras também destacam como o trabalho doméstico, embora tenha sido reconhecido formalmente com a PEC das Domésticas, ainda é uma área de grande vulnerabilidade no país. Esse cenário evidencia o legado de discriminação e desigualdade de oportunidades que Laudelina enfrentou ao longo de sua vida e que sua luta ajudou a transformar.
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Ativista das domésticas
Laudelina de Campos Mello
Instituto Moreira Salles (IMS)/Divulgação
Nascida em Poços de Caldas em 1904, Laudelina de Campos Mello foi pioneira na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas e na luta contra a exploração do trabalho doméstico no Brasil, com a organização de sindicatos para a categoria.
Teve uma trajetória marcada pelo combate ao racismo. Protestou contra anúncios de jornais preconceituosos, criou um baile para valorizar a beleza da mulher negra e deixou um legado de defesa dos direitos trabalhistas das profissionais.
Laudelina iniciou sua militância ainda jovem, aos 16 anos, em uma Poços de Caldas segregada, onde a comunidade negra enfrentava dificuldades para acessar espaços públicos e culturais. No decorrer de sua vida, fundou duas associações de trabalhadoras domésticas, em Santos, em 1936, e Campinas, em 1961. As duas entidades mais tarde se tornaram sindicatos.
Integrou a Frente Negra Brasileira, a maior organização negra do século XX, sendo uma das responsáveis pela criação do departamento doméstico da instituição. Durante a Segunda Guerra Mundial, fez parte da Organização Feminina Auxiliar de Guerra. Foi filiada ao Partido Comunista e ao Partido dos Trabalhadores.
Laudelina durante entrevista à EPTV
Reprodução/EPTV
A partir de sua experiência pessoal e das injustiças que observava ao redor, Laudelina se tornou uma voz ativa na defesa dos direitos das trabalhadoras domésticas. A ativista organizava bailes e eventos culturais para a população negra e para as trabalhadoras domésticas em específico, atuando como articuladora cultural e criando espaços de resistência e de fortalecimento comunitário em uma época marcada por grandes desigualdades sociais e raciais.
Laudelina compreendia o trabalho doméstico como uma extensão da escravidão, um prolongamento de um sistema que continuava a marginalizar e a explorar mulheres negras. Ela também compreendia que era na coletivo que se construía a luta por direitos e se fortalecia, destacando a importância da socialização, pois o trabalho doméstico é bastante solitário.
A ativista teve sua história e legado reconhecidos com a aprovação da PEC das Domésticas (PEC 66/2012), que garantiu direitos semelhantes a outros trabalhadores, como jornada de trabalho, FGTS e horas extras.
Serviço
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Júlia Reis/g1
“Dignidade e Luta: Laudelina de Campos Mello”
Data: 22/3 a 14/9/2025
Local: IMS Poços – Rua Teresópolis, 90 – Poços de Caldas
Horário: Terça a sexta, das 13h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 9h às 19h (fechado às segundas).
Entrada gratuita
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