
Uma espuma branca tomou conta de um trecho do rio, na região do bairro do Rangel, enquanto uma mancha escura apareceu no mar de João Pessoa, causada por outro trecho do rio. Trecho em que o rio Jaguaribe desagua no mar, na praia do Bessa, em João Pessoa
Yanka Oliveira / TV Cabo Branco
O Rio Jaguaribe esteve no centro de dois graves problemas ambientais em João Pessoa nas últimas duas semanas. De um lado, o rio foi flagrado cheio de espuma e, de outro, seria o causador de uma mancha escura no mar da capital paraibana.
Apesar de os dois problemas envolverem o rio, a mancha escura no mar não está diretamente relacionada à espuma que apareceu em um trecho do rio no bairro do Rangel, e vice-versa, segundo a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema).
No Dia Mundial da Água, o g1 explica o que causou cada problema, porque eles não estão diretamente relacionados e as medidas que estão sendo adotadas pelas autoridades.
O que causou a espuma na água do rio?
A Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) informou que testes realizados no Rio Jaguaribe, próximo ao bairro do Rangel, em João Pessoa, indicaram contaminação orgânica.
A amostra coletada revelou a alta concentração de surfactantes, substâncias presentes em produtos de limpeza ou higiene pessoal.
Também foi observada a morte de peixes, que pode ser atribuída à baixa quantidade de oxigênio dissolvido na água, causada pelo aumento de microrganismos. No caso, foi detectada uma alta contagem de bactérias.
Espuma atinge Rio Jaguaribe em João Pessoa
Reprodução/TV Cabo Branco
A Sudema não encontrou lançamentos diretos no rio, sugerindo que a contaminação seja proveniente de várias fontes ao longo do curso do rio, destacando a necessidade de avaliar a destinação de esgoto e efluentes industriais.
Na manhã desta sexta-feira (21), o mesmo problema voltou a ser flagrado pela TV Cabo Branco. Foi constatada uma espuma concentrada, com um volume aparentemente maior do que o constatado no flagrante inicial.
MPPB cobra investigação sobre esgoto no Rio Jaguaribe
O que foi responsável pela mancha escura no mar?
Uma mancha escura e com mau cheiro apareceu na praia do Bessa, perto de Intermares, em João Pessoa e Cabedelo, próximo à foz do Rio Jaguaribe.
A Sudema explicou que a barreira natural entre o mangue e o oceano teria rompido devido às chuvas recentes, permitindo que a água do ecossistema costeiro chegasse ao mar.
A prefeitura de Cabedelo afirmou que esse processo ocorre com frequência e enviou uma equipe para coletar o material.
Mancha escura invade mar no Litoral da Paraíba
TV Cabo Branco/Reprodução
A Sudema coletou amostras da água para identificar a origem da mancha, com os resultados previstos para segunda-feira (24).
De acordo com o órgão, a análise vai identificar se a mancha escura tem relação com esgoto ou é apenas a coloração mais escura natural do mangue. Até que os testes sejam concluídos, o órgão recomenda que banhistas evitem a área.
Por que o trecho de rio com espuma não tem relação com a mancha no mar?
De acordo com a Sudema, não seria possível a relação entre os dois casos, pois o fluxo do Rio Jaguaribe foi desviado para um afluente do Rio Paraíba. O trecho que deságua no oceano, também chamado de Rio Morto, é abastecido por águas pluviais e pela rede de drenagem. Assim, os dois trechos não estão fisicamente conectados.
Quais medidas estão sendo tomadas pelas autoridades?
Em relação à espuma branca, o Ministério Público da Paraíba anunciou que instaurou um procedimento para apurar uma suposta poluição ambiental no Rio Jaguaribe, bem como a ocorrência de crimes ambientais e/ou danos ao meio ambiente.
O MP solicitou informações à Sudema, à Secretaria de Meio Ambiente de João Pessoa, à Cagepa e ao Ibama sobre fiscalizações e medidas relacionadas ao Rio Jaguaribe, incluindo autos de infração, controle de efluentes e danos ambientais.
Sede do Ministério Público da Paraíba (MPPB), em João Pessoa
Ascom/MPPB
Nesta quinta-feira (20), o MPPB anunciou um novo procedimento para investigar o lançamento irregular de esgoto no Rio Jaguaribe, motivado por uma mancha no mar entre João Pessoa e Cabedelo. A água apresentava coloração turva e odor intenso.
A medida, formalizada por meio de um ofício enviado à Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), também elaborou a adoção de providências para apurar as causas e identificar os responsáveis pelo desperdício de esgoto clandestino na área.
A Sudema tem agora o prazo de 15 dias para fornecer um relatório sobre as ações emergenciais exigidas para a recuperação da qualidade ambiental das praias, bem como para detalhar as medidas a serem tomadas a fim de evitar que o problema se repita.
Por sua vez, a Superintendência de Meio Ambiente anunciou que, em uma próxima etapa da Operação Praias Limpas, será iniciada uma investigação sobre as condições de lançamento de efluentes e águas pluviais em rios urbanos. O Rio Jaguaribe e seus afluentes serão avaliados em toda a sua extensão na primeira fase desse novo avanço da operação.
Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba