Pai e madrasta são condenados à prisão perpétua por assassinato de criança que chocou a Inglaterra


Sara Sharif era uma menina alegre que sonhava em participar do X Factor — mas, a portas fechadas, era brutalmente espancada
Arquivo pessoal
O pai e a madrasta de uma menina de 10 anos gravemente abusada e encontrada morta em sua casa na Inglaterra foram condenados nesta terça-feira (17) à prisão perpétua por homicídio.
Urfan Sharif, de 42 anos, e Beinash Batool, de 30, foram considerados culpados na semana passada por homicídio em sua morte, em um caso descrito pelos promotores como uma “campanha de abuso”.
O tio da menina, Faisal Malik, de 29 anos, foi considerado culpado por causar ou permitir a morte da menina. Ele foi condenado a 16 anos de prisão.
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Após a morte da menina, os três fugiram para o Paquistão, onde Urfan Sharif telefonou para a polícia do Reino Unido dizendo que ele a “puniu legalmente, e ela morreu”, afirmaram os promotores. Ele admitiu ter “batido demais nela”, mas disse que não tinha a intenção de matá-la.
A polícia em Londres então foi até a casa da família e descobriu o corpo de Sara sob um cobertor em um beliche no dia 10 de agosto de 2023.
Os três retornaram ao Reino Unido mais de um mês após fugirem e foram presos sob suspeita de homicídio.
O julgamento no Tribunal Penal Central revelou detalhes horríveis de abuso, incluindo mais de 70 ferimentos recentes e muitos outros mais antigos, como hematomas, queimaduras, fraturas e marcas de mordida. O caso também levantou questionamentos sobre falhas dos serviços sociais e das autoridades em intervir e proteger a menina.
“A morte de Sara foi o resultado de anos de negligência, agressões frequentes e o que só pode ser descrito como a tortura desta pequena criança”, disse o juiz John Cavanagh. “O grau de crueldade é quase inconcebível. … Nenhum de vocês demonstrou um pingo de verdadeiro remorso.”
Políticos e outras autoridades pediram uma revisão do que deu errado e reformas para evitar que casos semelhantes se repitam.
“A morte dela é um lembrete comovente das profundas fraquezas em nosso sistema de proteção infantil que, como país, falhamos repetidamente em corrigir”, disse Rachel de Souza, comissária para crianças da Inglaterra, em um comunicado após o julgamento. “Já estivemos aqui antes — e toda vez dissemos ‘nunca mais’.”
Após o julgamento, registros do tribunal de família foram divulgados, mostrando que Urfan Sharif e sua ex-esposa, Olga Sharif, já estavam no radar dos serviços sociais três anos antes do nascimento de Sara.
O pai e a madrasta obtiveram a custódia de Sara e de seu irmão mais velho após relatos de que a mãe os abusava.
Apesar das acusações de que Urfan Sharif abusava fisicamente dos filhos, as alegações nunca foram testadas em tribunal.
O Conselho do Condado de Surrey, que levantou preocupações repetidas vezes sobre a possibilidade de Sara estar sofrendo abusos físicos e emocionais por parte dos pais, planeja revisar as circunstâncias de sua morte. Os serviços infantis investigaram após a escola relatar que Sara apresentava hematomas, mas a agência não tomou nenhuma outra medida.
Mais tarde, o pai a retirou da escola para impedir que as autoridades descobrissem os abusos, afirmou o juiz. Ela não recebeu educação em casa.
Olga Sharif chamou os assassinos de sua filha de covardes, sádicos e carrascos, em uma declaração lida por um promotor.
“Eu não consigo entender como alguém pode ser tão sádico com uma criança”, disse ela. “Ela agora é um anjo que nos olha do céu, não está mais sofrendo violência.”
Durante o julgamento, Sharif inicialmente culpou Batool pela morte de Sara, mas depois disse aos jurados que assumia “total responsabilidade”. Ele admitiu ter estrangulado a menina com as mãos e a espancado com um taco de críquete e outros objetos.
A promotoria afirmou que a violência se tornou tão normalizada que ninguém reagiu quando ela apareceu com hematomas em um churrasco de família.
Os pais fizeram com que ela usasse um hijab — não por razões religiosas, mas para “cobrir os hematomas que estavam por todo o corpo de Sara”, disse Cavanagh.
Sara foi descrita como enérgica e sonhava em ser uma princesa de conto de fadas. Seu espírito ficou evidente em um vídeo gravado dois dias antes de sua morte, no qual ela aparece dançando em casa, apesar de múltiplos ossos quebrados e queimaduras de ferro em seu corpo.
“Apesar de tudo, ela sorriu para a câmera”, observou o juiz.
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