Ibovespa estável, dólar em alta e juros pressionam economia

Ibovespa sobe com negociações de paz e tensões comerciais

Nesta sexta-feira, 21 de março de 2025, o mercado financeiro brasileiro caminhou com cautela, refletindo o clima de ajuste pós-“Super Quarta” e as incertezas fiscais internas. O Ibovespa oscilou próximo à estabilidade, enquanto o dólar disparou e os juros futuros seguiram pressionados, refletindo as expectativas de manutenção de taxas elevadas por mais tempo, tanto no Brasil quanto nos EUA.


Panorama do dia: Ibovespa lateralizado, dólar sobe

O Ibovespa fechou com leve queda de 0,09%, aos 131.840 pontos, em um pregão marcado pelo vencimento de opções sobre ações. Já o dólar comercial subiu 0,78%, cotado a R$ 5,7241, com investidores ajustando posições diante do cenário de juros altos e risco fiscal persistente.

No mercado de juros futuros, as taxas seguiram firmes. A expectativa de que o Banco Central continuará elevando a Selic nos próximos meses permanece no radar, especialmente após a decisão desta semana de elevar a taxa para 14,25% ao ano.


A visão de Caio Augusto

Em participação no Flash News da BMC, o economista Caio Augusto destacou que, apesar do tom conhecido das decisões da “Super Quarta”, o cenário ainda é desafiador:

“Não tivemos surpresa na decisão do Copom, mas o recado foi claro: as pressões altistas para a inflação continuam sendo preponderantes. Minha aposta é que a Selic chegue a 15%, mas passar disso seria exagero”, afirmou.

Caio explicou que, com a inflação se aproximando de 6%, uma Selic em 15% implicaria cerca de 9% de juros reais – o que pode desacelerar fortemente a atividade econômica em 2025. Ele ainda alertou que o Banco Central brasileiro está “jogando sozinho”:

“O único ente realmente comprometido em perseguir a meta de inflação é o BC. Pelo lado fiscal, o governo já mostrou que não pretende cortar gastos de forma significativa”, apontou.


Lá fora: FED em compasso de espera

Nos EUA, o Federal Reserve manteve os juros entre 4,25% e 4,5%, sinalizando dois possíveis cortes até o fim do ano. Ainda assim, Caio foi cauteloso:

“O mercado já começou a precificar três cortes, mas isso é um exagero. O mais provável é que os juros americanos fiquem nesse patamar até o fim de 2025”, disse.

Ele ressaltou que, apesar da inflação norte-americana ter recuado de 9,1% para 2,8%, ainda não atingiu a meta de 2% do FED, o que exige prudência:

“Meta de inflação não é detalhe, é o que baliza decisões de preços no mercado. Relaxar nisso é perigoso, principalmente para os mais pobres”, alertou.


Destaques Corporativos

  • Brava Energia teve alta de 6,5% nas ações, mesmo com queda de 41% no Ebitda do 4º tri, com o mercado apostando em retomada da produção.
  • Hypera reportou lucro ajustado 74% menor, mas os resultados já eram esperados. Analistas projetam recuperação ao longo de 2025.
  • Petrobras fechou com alta de mais de 1%, apesar da queda do petróleo. A resiliência da petroleira frente à volatilidade global chamou atenção.

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