Prefeitura demite 20 profissionais da UPA da Cidade de Deus por morte de paciente na unidade; polícia investiga


O garçom José Augusto Mota Silva morreu na última sexta-feira (13) enquanto aguardava atendimento na UPA. Segundo o secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz, a responsabilidade pela atenção dos pacientes é compartilhada por toda a equipe do plantão. Paciente já desacordado enquanto aguardava atendimento na UPA
Reprodução
A Prefeitura do Rio de Janeiro demitiu 20 profissionais de saúde que estavam no plantão da última sexta-feira (13) na UPA da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, quando um homem morreu enquanto aguardava para ser atendido.
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A informação foi confirmada ao g1 pelo secretário de Saúde do município, Daniel Soranz, nesta segunda-feira (16). Ele já havia anunciado que demitiria todos os funcionários que estavam de plantão na unidade no dia da morte do garçom José Augusto Mota Silva.
Durante o velório de José, no último domingo, em Mogi Guaçu (SP), cidade em que ele nasceu e onde a família mora, o pai dele disse que o filho chegou ao local gritando de dor e pedindo atendimento, mas que ninguém o atendeu.
Segundo Daniel Soranz, a prefeitura está analisando todas as câmeras de segurança e prontuários clínicos para finalizar a investigação interna sobre o ocorrido.
Contudo, de acordo com o secretário, as demissões já foram efetuadas porque todos da equipe de plantão são responsáveis pela atenção dos pacientes.
“A responsabilidade pela atenção dos pacientes, classificação de risco e fluxo dos pacientes é compartilhada por toda a equipe do plantão”, disse Daniel Soranz.
José Augusto Mota Silva, de 32 anos, morreu sentado na recepção da UPA Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, enquanto esperava por atendimento
Arquivo Pessoal
Além da investigação realizada pela Prefeitura do Rio, a Polícia Civil também confirmou que está investigando o caso. Os trabalhos estão com os agentes da 41ª DP (Tanque).
“A investigação que apura as circunstâncias da morte está em andamento. Agentes realizam diligências para esclarecer todos os fatos”, informaram.
A necropsia do corpo de José será feita pelo Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo e deve apontar a causa da morte. Até a última atualização desta reportagem, o resultado do exame não havia sido divulgado.
Relembre o caso
Testemunhas disseram que José Augusto Mota Silva, de 32 anos, chegou se queixando de fortes dores na UPA da Cidade de Deus na última sexta-feira. Imagens mostram ele sentando, com a cabeça inclinada à esquerda.
Uma pessoa da UPA se aproxima dele, que não reage. Em seguida, José é colocado na maca por um funcionário.
Em nota, a SMS afirmou que tudo aconteceu “muito rápido”, que o paciente estava lúcido, e entrou andando na unidade. No entanto, quando foi atendido o homem estava desacordado.
“Segundo relatos iniciais dos profissionais, tudo aconteceu muito rápido, o paciente estava lúcido e entrou andando na unidade, acompanhado por uma pessoa que informou não poder permanecer no local”, diz um trecho da nota.
“Dados do sistema mostram que a classificação de risco foi feita às 20h30 e, poucos minutos depois, foi acionada a equipe médica devido ao paciente encontrar-se desacordado. Ele foi levado à Sala Vermelha para atendimento, mas infelizmente não resistiu e foi constatada a parada cardiorrespiratória. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal para apurar a causa do óbito”
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A falta de atendimento deixou os familiares do paciente revoltados.
Irmã de José Augusto, Meriane Mota Silva afirmou: “Ele não merecia morrer daquele jeito, sentado. Ninguém merece morrer que nem bicho, daquela forma. É desumano uma pessoa ficar sentada ali sem atendimento, sem acolhimento”.
José Augusto é o quinto filho de José Adão e estava no Rio havia 12 anos. Para levar o corpo a Mogi Guaçu, os parentes fizeram uma vaquinha pela internet.
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