Comitê quer desbloquear R$ 57 milhões para amenizar crise na Saúde de Goiânia


Interventor pretende usar dinheiro para quitar dívidas com empresas que prestam serviço para a prefeitura. Pacientes morreram à espera de UTI, segundo parentes. Hospital e Maternidade Dona Íris (HMDI), em Goiânia
Wildes Barbosa/O popular
Ao lado do interventor na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, o médico Márcio de Paula Leite, o prefeito eleito Sandro Mabel (União) disse que recursos de R$ 57,3 milhões, bloqueados pela Justiça, podem ser liberados para amenizar a crise na Saúde da Capital.
“O Tribunal de Justiça deu a possiblidade de usarmos a comissão de conciliação deles. Então, nós conciliaremos os pagamentos por lá. Tem algumas coisas que podem existir dúvidas e nós iremos conciliar para fazer com que este dinheiro, R$ 57 milhões, possam render. A nossa preocupação, além de pagar os fornecedores anteriores, é manter as unidades funcionando”, disse Mabel.
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Ao g1, a assessoria de imprensa da pasta informou que as verbas são destinadas para a Média e Alta Complexidade (MAC) de Goiânia. O g1 solicitou ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) informações sobre o bloqueio de recursos e critérios para liberação do dinheiro, mas não teve retorno até a última atualização da reportagem.
A confirmação do nome de Márcio como interventor saiu no Diário Oficial do Estado (DOE), na edição de terça-feira (10). Ele ficará no cargo até 31 de dezembro deste ano. Na quarta-feira (11), ele se reuniu com o prefeito eleito Sandro Mabel (União), na Federação das Indústrias do Estado de Goiás.
Em entrevista coletiva, Márcio garantiu que irá seguir com as estratégias adotadas pelo gabinete de crise. O grupo foi instalado no município com membros da atual gestão de Rogério Cruz e de Mabel, após atrasos de pagamentos para empresas que prestam serviços na Saúde e, consequentemente, faltas de leitos de Unidades de Terapias Intensiva (UTIs), em Goiânia, que resultaram em mortes.
Luiz Gaspar é o futuro secretário de Saúde de Goiânia
Como interventor, Márcio de Paula explicou que irá coordenar uma equipe formada por integrantes do Estado, da polícia e do Ministério Público de Goiás (MP-GO). Ele acredita que essa “junta” poderá “amenizar” os problemas da Saúde no município.
“Nós vamos seguir com a transição, mas agora entrando o comitê, esse processo será facilitado”, disse o interventor da Saúde em Goiânia.
Próximo secretário
Na ocasião, Mabel anunciou o futuro secretário municipal de Saúde de Goiânia, o também médico Luiz Gaspar Pellizzer, que assumirá a SMS a partir de 1º de janeiro de 2025. Ele também se diz otimista e reforçou que a atuação do comitê de intervenção pode antecipar a liberação de recursos para a Saúde, neste ano.
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Embora anunciado agora para a secretaria, Pellizzer ressalta que já começou o trabalho na equipe de transição entre a gestão de Mabel e Cruz. Ele conta que já conhece a situação atual da SMS e aponta melhorias na área, como a oferta de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) .
“Quando a gente compara números, chegamos no dia 2 e 3, com quase 30, 40 solicitações de UTIs, em Goiânia, se salvo engano. Hoje, a gente está trabalhando com 7, 8 pedidos. Já há uma redução considerável”, comemora o novo secretário.
Sobre falta de remédios e insumos, Pellizzer apontou que está havendo “abastecimento básico de medicamentos” nas unidades de saúde da capital. Para quando assumir a pasta, o novo secretário destacou quais serão as prioridades.
“Garantir pagamento em dia de janeiro e em diante, sentar e renegociar as pendências”, projeta Pellizer.
Atualmente, apenas na SMS, o município acumula dívidas com a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), que gere as três maternidades públicas de Goiânia – Dona Íris, Nascer Cidadão e Célia Câmara; com empresas que prestam serviços de home care. Atrelado a isso, recentemente, enfermeiros e técnicos de enfermagem decidiram paralisar parcialmente as atividades.
Intervenção foi último recurso, diz MP-GO
Ao g1, a promotora de Justiça Fabiana Zamalloa, do MP-GO, detalhou o trabalho de acompanhamento acerca da crise no município. Ela citou o pedido de afastamento e prisão do ex-secretário de Saúde Wilson Pollara, do ex-secretário executivo Quesede Ayres Henrique e do ex-diretor financeiro Bruno Vianna Primo.
“Foi uma medida extrema que nós adotamos para afastar aqueles gestores, que estavam inviabilizando a gestão”, salienta a promotora de Justiça.
Zamalloa conta que a saída repentina da servidora pública Cynara Mathias Costa e a continuação da falta de pagamentos e leitos de UTIs na capital foram cruciais para a solicitação na Justiça da intervenção estadual na Secretaria.
“Com a requisição da nova secretária e o seu pedido de exoneração, ficou bastante evidente a total impossibilidade do município de resolver o problema. E, diante desta situação, evidenciou-se também a necessidade urgente da intervenção, ” frisou Zamalloa.
Pellizzer assume a Secretária de Saúde em 1º de janeiro e Márcio de Paula ficará de interventor até 31 de dezembro, Goiás
Fábio Lima/O Popular
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