Mercado define como “dura” a decisão do Copom de aumentar a Selic

Os analistas de mercado definiram como “dura” a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), em levar em 1 ponto percentual a taxa básica de juros do país, a Selic. A medida foi tomada no início da noite desta quarta-feira (11/12).

“O mercado estava dividido entre uma alta de 0,75 e 1 ponto, então, a decisão foi mais pesada, foi mais dura”, diz Marcelo Bolzan, CGA, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital. “E o comunicado também.”

Bolzan destacou ainda que a decisão foi unânime e houve “mudanças importantes em relação aos últimos comunicados”. “Eles comentam (os membros do Copom) que a inflação projetada para o horizonte relevante, que é o segundo trimestre de 2026, situa-se em 4%”, afirma. “Então, houve uma subida forte dessas expectativas.”

O especialista frisa que, diferentemente das últimas reuniões, agora, o Copom fez uma indicação do que ocorrerá nos próximos encontros do órgão, em 2025. Houve a sinalização de mais duas elevações de 1 ponto percentual da Selic. Com isso, a taxa irá para pelo menos 14,25% ao ano. Essa perspectiva está fazendo com que analistas revejam as projeções dos juros no fim do ciclo de altas (veja abaixo).

Crítica

Para Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (Apas), a decisão do Copom foi baseada nos últimos indicadores de inflação, como o IPCA, que superou o teto da meta. “Nós entendemos que o Banco Central tem adotado uma postura muito cautelosa, utilizando apenas um único instrumento para controlar a inflação”, afirma Queiroz. “Mas há espaço para implementar uma política monetária mais ampla, que adote diferentes instrumentos, não apenas a calibragem periódica da taxa de juros, para o controle inflacionário.”

O economista da Apas acrescenta que, com o resultado do Copom, o Brasil permanece “entre os primeiros lugares no ranking dos países com uma das maiores taxas reais de juros do mundo”. “No cenário atual, aumentar os juros, desestimula o investimento e impede a expansão da capacidade produtiva, assim como afeta diretamente o consumo e a demanda agregada, perpetuando os entraves estruturais ao desenvolvimento do país”, diz.

Confiança no Copom

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, acredita que a decisão do Copom de elevar a taxa de juros em 1 ponto percentual “reflete a postura mais assertiva do Banco Central diante das pressões inflacionárias persistentes, exacerbadas pela aceleração da atividade econômica e pela desvalorização do real”.

“Esses fatores, juntamente com a defasagem nas expectativas de controle fiscal por parte do governo, foram determinantes para a escolha do Comitê”, diz Lima. “A inflação, já acima do limite superior da meta de 2024, continua preocupando, o que leva o BC a adotar uma postura mais restritiva para tentar reverter esse quadro.”

Para o analista, a continuidade das altas da Selic pode aumentar a confiança do mercado no Copom, pouco antes da troca de liderança do órgão. A partir de janeiro, Gabriel Galípolo (indicado pelo atual governo) assume a presidência do Banco Central, substituindo Roberto Campos Neto.

Projeção encorpada

Na avaliação de Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos, o BC mostrou-se “muito insatisfeito com o comportamento das expectativas de inflação”. “O fiscal foi citado pela autoridade, mas mais sobre os efeitos da divulgação do pacote, que contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”, afirma o especialista.

Com a medida do BC, Sanchez destaca que alterou a projeção da Selic para o ciclo de alta dos juros. Ela estava em 14% e, agora, passou para 15% ao ano.

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