Sobe para 207 o número de pessoas que tiveram que sair de casas em povoado de MG; novo deslizamento na parte superior da pilha de rejeitos foi identificado, diz Corpo de Bombeiros


Conforme atualizações do Corpo de Bombeiros e da Jaguar Mining, divulgadas nesta quarta-feira (11), já foram evacuados 120 imóveis. Primeiro deslizamento de rejeitos na mina aconteceu na manhã de sábado (7). Justiça determina assistência a moradores após deslizamento de rejeitos em mina em MG
Subiu para 207 o número de pessoas que foram realocadas após deslizamento em pilha de rejeitos da mina Turmalina, localizada no povoado de Casquilho, em Conceição do Pará, na manhã do sábado (7).
Conforme atualizações do Corpo de Bombeiros e da mineradora Jaguar Mining, divulgadas nesta quarta-feira (11), já foram evacuados 120 imóveis. Os moradores foram levados para hotéis na região, e outros foram para casas de parentes. Cinco residências, um galpão de fábrica de calçados e curral foram atingidos pelo deslizamento de rejeitos/estéril. Até o momento, foram resgatados 678 animais.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, através do capitão Thales Gustavo de Oliveira, entre o fim desta manhã e início da tarde, foi identificado um novo deslizamento na parte superior da pilha de rejeitos da mina.
“Contudo, esse deslizamento não gerou energia suficiente para movimentar o material que está na parte baixa em direção às residências que estão isoladas”, explicou o capitão Gustavo.
Em nota, a Jaguar Mining informou que “foi detectada movimentação no topo da pilha, porém, os rejeitos deslocados se mantiveram no perímetro do deslizamento. Os georadares instalados na área emitiram alerta e as atividades de contenção foram paralisadas por segurança”.
Ainda segundo o capitão do Corpo de Bombeiros, o risco de novo deslizamento continua em razão do tempo chuvoso na região. O monitoramento da pilha de rejeitos prossegue com a utilização de georadar (dois equipamentos em funcionamento e três em fase final de instalação) e de drones.
‘Reforçamos a informação de que a região permanece isolada e que as pessoas não devem retornar às suas residências até que seja retomada a condição de normalidade”, destacou o capitão Gustavo, do Corpo de Bombeiros.
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Decisão da Justiça
Na terça-feira (10), a Justiça determinou que a mineradora Jaguar Mining, responsável pela mina Turmalina, realize, em até 48 horas, o pagamento de R$ 10 mil para cada núcleo familiar removido de seus imóveis, a título de auxílio-emergencial imediato, e que se responsabilize pelo abrigamento e acolhimento de pessoas e animais.
Também determinou que a empresa faça a contratação de equipe de auditoria técnica independente com o objetivo de auditar/acompanhar os planos de ações.
Esses foram alguns dos pedidos feitos em ação ajuizada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) na segunda-feira (9) e deferidos pela juíza Rafaella Amaral de Oliveira Machado, da 1ª Vara Cível, Criminal, e da Infância e da Juventude da Comarca de Pitangui.
A juíza indeferiu, por ora, o bloqueio de R$ 200 milhões das contas bancárias da mineradora.
A Jaguar Mining informou que irá se manifestar nos autos dentro do prazo legal. “A Jaguar reitera o compromisso com as ações de minimizar e reparar os impactos causados pelo deslizamento e a cooperação com as autoridades competentes”.
Ainda de acordo com a decisão, a empresa também terá que adotar as seguintes providências (veja no link). Conforme a decisão judicial, as medidas deverão ser cumpridas em sua totalidade, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 50 mil, limitada a R$ 200 milhões, sem prejuízos das responsabilizações nas esferas administrativa, cível, criminal e ambiental.
Prejuízos
Casa danificada em Conceição do Pará após deslizamento de rejeitos
Ministério Público de Minas Gerais (MPMG)/Divulgação
Moradores do povoado de Casquilho ainda contabilizam os prejuízos causados pelo deslizamento de rejeitos da mina Turmalina.
Uma das moradoras que teve que sair de casa foi Marciana da Costa Dias. Ela afirmou que quando o alerta foi emitido, apenas saiu de casa como estava, só conseguindo voltar horas depois para salvar alguns pertences.
“Perdi tudo. Perdi minha casa, meus móveis, 20 anos da minha vida. Tiramos só a geladeira, o fogão e umas roupas, mais nada. Não vou mais ver coisas que levei uma vida inteira para construir”, disse a dona de casa.
“Fomos para a casa da minha irmã, mas a casa dela também foi interditada e tivemos que sair. Tive que tirar a minha mãe de casa e levar para a casa do meu sobrinho”.
Recém-casado, o mecânico Ian Kenedy Silva conseguiu voltar para a casa apenas por alguns minutos no domingo e recuperar alguns itens.
“Tirei bem pouco. Sofá, cama e só. É bem difícil. É ver o sonho da gente indo embora. Foram quatro anos juntando dinheiro para construir e de um dia para o outro, já era”, lamentou.
Segundo outro morador da região, o comerciante Marcos Pereira da Silva, o prejuízo para muitas famílias é grande.
“Aqui tinha de cinco a seis casas. Na parte mais próximo à pilha tinha mais três. Mais duas para baixo. Nos fundos da minha casa tem uma família com uma pessoa com deficiência. Todos conseguiram sair a tempo, mas a casa acabou soterrada”, disse o comerciante.
As autoridades estão reforçando o pedido para que as pessoas impactadas não retornem à área até que aconteça a retomada da normalidade da situação. A Jaguar Mining designou várias equipes para dar assistência aos moradores que tiveram de deixar suas casas.
Deslizamento em pilha de rejeitos em mina em Conceição do Pará
Bruno/Agência Combine
A Agência Nacional de Mineração (ANM) realizou vistoria na mina e identificou risco iminente para a segurança da estrutura, da comunidade e do meio ambiente. A mina foi interditada e todas as atividades de mineração do empreendimento foram suspensas.
Conforme a ANM, a empresa deverá providenciar todas as ações necessárias para estabilidade da pilha, segurança da mina, comunidade de entorno e meio ambiente.
Na segunda-feira (9), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou “que, conforme informações preliminares, não houve registro de vítimas no incidente. No entanto, foram constatados danos patrimoniais e, possivelmente, ambientais. A PCMG instaurou um procedimento para apurar os possíveis crimes relacionados ao fato”.
Mapa: mina em Conceição do Pará (MG) é evacuada após deslizamento em pilha de rejeitos
g1
O que diz a Jaguar Mining (nota atualizada nesta quarta-feira)
“A Jaguar Mining informa que está disponível um número telefônico de contato para esclarecimento de dúvidas sobre o deslizamento da pilha de rejeitos/estéril na Unidade Turmalina (MTL), em Conceição do Pará (MG), que ocorreu no dia 07/12/2024.
Os contatos podem ser feitos pelo número 0800 942 0312. Além disso, o e-mail [email protected] também continua disponível para o esclarecimento de dúvidas sobre o ocorrido. Destacamos que a Jaguar não entra em contato com nenhuma pessoa através de aplicativos de mensagem de celular ou quaisquer outros meios.
Nesta quarta, 11/12, foi detectada movimentação no topo da pilha, porém, os rejeitos deslocados se mantiveram no perímetro do deslizamento. Os georadares instalados na área emitiram alerta e as atividades de contenção foram paralisadas por segurança.
Desde o ocorrido, a Jaguar tem realizado o cadastro das pessoas que foram realocadas e está prestando toda a assistência necessária. Algumas, porém, optaram por deixar suas casas voluntariamente e agora estão sendo cadastradas.
Assim, no cadastro atualizado, 207 pessoas, de 75 famílias, foram realocadas. A grande maioria está em hotéis da região e outras se encaminharam a casas de parentes. O número de imóveis desocupados é de 120 edificações, sendo sete atingidos pelo deslizamento.
Até o momento, 678 animais foram registrados. Desses, 486 foram devolvidos e levados para locais escolhidos pelos seus tutores. Outros 65 foram para abrigo em clínica veterinária e 127 permanecem em campo sob os cuidados de empresas especializadas.”
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