Copom aperta alta de juros e Selic fecha 2024 em 12,25% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (11/12) elevar a taxa básica de juros do país, a Selic, de 11,25% ao ano para 12,25% ao ano, um aumento de 1 ponto percentual — valor dentro da projeção do mercado financeiro.

A decisão foi unânime, tendo votado pela elevação da taxa para 12,25% os seguintes membros do comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

Depois dessa reunião, que marca a despedida de Roberto Campos Neto da presidência do BC, o colegiado só se encontrará em 2025 sob o comando do atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula (PT).

3º aumento seguido

Este é o terceiro aumento consecutivo dos juros no país (setembro, novembro e dezembro), além de ser a maior elevação da taxa desde maio de 2022 — à época todo o colegiado do BC aprovou um acréscimo de 1 ponto percentual na Selic, que ficou em 12,75% ao ano.

Com a decisão, a Selic volta ao mesmo patamar de novembro de 2023. A única diferença é que, à época, o Copom seguia fazendo cortes nos juros do país. Em 2024, a redução da taxa só foi interrompida em 19 de junho, quando se manteve estável em 10,50% ao ano.

Embora significativa, a elevação dos juros não surpreende. Isso porque, além da alta inflação e dólar nas alturas, declarações de integrantes da diretoria do Banco Central deram a entender que o Copom poderia adotar uma política monetária mais contracionista, ou seja, optar pelo aumento da Selic para frear a subida da inflação.

Em recente declaração, o próximo presidente do BC disse que o atual cenário econômico dá indicativos para “juros mais altos por mais tempo”. Galípolo afirmou que “parece lógico que, para uma economia que se revela mais dinâmica do que se esperava, somado a uma moeda doméstica mais desvalorizada, que isso demande uma política monetária mais contracionista”.

Na ata da última reunião do Copom, realizada entre 5 e 6 de novembro, o BC indicou que o ritmo de ajustes futuros na Selic e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão “ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação“, que cresceu nos últimos meses.

O que significa um aumento dos juros?

A taxa de juros é o principal instrumento de política monetária do BC, para manter a inflação dentro da meta — de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, sendo 4,5% (teto) e 1,5% (piso), como determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Ao elevar a Selic para conter a inflação, a consequência esperada é a redução do consumo e dos investimentos no país. O crédito fica mais caro e a atividade econômica tende a desaquecer, provocando queda de preços para os consumidores e produtores.

Atualmente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, está em 4,87% nos últimos 12 meses até novembro — 0,37 ponto percentual acima do teto da meta.

O mercado financeiro aposta que a inflação vai estourar o teto da meta, ficando em 4,59% até o fim do ano. O dado referente ao mês de dezembro será divulgado em 11 de janeiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Estimativas do mercado para a Selic

Para analistas do mercado financeiro consultados no relatório Focus mais recente, divulgado nessa segunda-feira (9/12) pelo Banco Central, a expectativa era de que o Copom aumentasse a taxa de juros para 12% ao ano.

Ou seja, o mercado aposta que o Comitê de Política Monetária elevaria a taxa de juros em 0,75 ponto percentual na última reunião do colegiado neste ano, que ocorreu nestas terça-feira (10/12) e quarta-feira (11/12).

Outro tópico em evidência no Focus é a descrença do mercado financeiro na possibilidade da Selic ficar abaixo de dois dígitos durante o governo Lula (PT), que termina em 2026. Confira as previsões da taxa para os próximos anos:

  • 2025: 13,50% ao ano.
  • 2026: 11% ao ano.
  • 2027: 10% ao ano.

Para 2025, os analistas projetam que a Selic sairá dos 12,63% ao ano para 13,50% ao ano. Em 2026, a estimativa é de alta, saindo de 10,50% para 11%, ao ano. Para 2027, a previsão subiu dos 9,50% ao ano para 10% ao ano.

Calendário do Copom para 2025

Janeiro

  • Reunião do Copom: 28 e 29 de janeiro
  • Divulgação da ata do Copom: 4 de fevereiro

Março

  • Reunião do Copom: 18 e 19 de março
  • Divulgação da ata do Copom: 25 de março

Maio

  • Reunião do Copom: 6 e 7 de maio
  • Divulgação da ata do Copom: 13 de maio

Junho

  • Reunião do Copom: 17 e 18 de junho
  • Divulgação da ata do Copom: 24 de junho

Julho

  • Reunião do Copom: 29 e 30 de julho
  • Divulgação da ata do Copom: 5 de agosto

Setembro

  • Reunião do Copom: 16 e 17 de setembro
  • Divulgação da ata do Copom: 23 de setembro

Novembro

  • Reunião do Copom: 4 e 5 de novembro
  • Divulgação da ata do Copom: 11 de novembro

Dezembro

  • Reunião do Copom: 9 e 10 de dezembro
  • Divulgação da ata do Copom: 16 de dezembro
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