Esquema ilegal de espionagem na Abin buscava proteger família Bolsonaro, vigiar adversários e criar fake News; entenda

Investigação da PF encontrou indícios de uso indevido do órgão de inteligência sob o comando de Alexandre Ramagem (PL-RJ), aliado de Bolsonaro que, atualmente, é deputado federal. O esquema ilegal de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investigado pela Polícia Federal tinha três objetivos principais: proteger membros da família Bolsonaro, vigiar adversários políticos do governo e criar fake news. A informação é da jornalista Daniela Lima, que concedeu entrevista ao podcast O Assunto que foi ao ar nesta sexta-feira (26).
Segundo apuração da PF, a Abin pode ter sido “instrumentalizada” para monitorar ilegalmente autoridades e pessoas envolvidas em investigações, além de desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O uso indevido do órgão teria ocorrido sob o comando de Alexandre Ramagem (PL-RJ), aliado de Bolsonaro que, atualmente, é deputado federal.
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“Agora há indícios claríssimos de que a inteligência do Brasil, situada dentro do guarda-chuva do Gabinete de Segurança Institucional, vinculado, portanto, diretamente à Presidência da República, foi utilizado para espionar ilegalmente integrantes do Supremo Tribunal Federal, govenadores, deputados e senadores durante a gestão anterior. É um escândalo o que se desdobra a partir de agora”, diz Daniela Lima.
A jornalista explicou no podcast as motivações do esquema ilegal. “Você tem, por exemplo, operações de contrainteligência que envolvem uma blindagem aos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro. A Abin serviu para investigar e abastecer Flávio Bolsonaro numa saída jurídica no inquérito das rachadinhas e também atuou para blindar Jair Renan Bolsonaro na apuração de tráfico de influência”, explicou.
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Fabricação de fake news
“Você tem uma segunda motivação: vislumbrar, vigiar adversários políticos. Então, manda um drone no então governador do Ceará, Camilo Santana. Rodrigo Maia [ex-presidente da Câmara] passa a ser vigiado também… E também tem a terceira ‘perna’, que era usar a Abin, delegado de polícia, para fabricar fake news”, concluiu.
A jornalista destacou como exemplo do uso da agência para fabricação de fake news o caso em que o ex-presidente Jair Bolsonaro disse estar sendo alvo de uma suposta tentativa de golpe logo após Rodrigo Maia ter uma reunião com o ministro do Supremo Gilmar Mendes.
1.500 números de telefone observados
No episódio desta sexta-feira de O Assunto, Daniela Lima e Natuza Nery informam que investigações apontam mais de 60 mil registros coletados pela ferramenta FirstMile, tecnologia de empresa israelense que monitorou irregularmente a localização de celulares. Esses registros são relativos a cerca de 1.500 números de telefone que teriam sido ilegalmente observados pela Abin.
Daniela Lima também relaciona o atual escândalo da Abin aos inquéritos das milícias digitais e do 8 de janeiro: “O uso de equipamento público para arapongagem se insere no contexto de ataque à democracia e às instituições”.
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