Um homem foi preso, em flagrante, após matar a ex-mulher com golpes de canivete dentro de uma clínica de estética em Ibirité, Região Metropolitana de Belo Horizonte. O crime aconteceu no último dia 10 de março. Renê Teixeira foi indiciado por feminicídio e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, com numeração suprimida.
Segundo informações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Miqueia Nunes de Oliveira tinha 33 anos e trabalhava no local. O criminoso, de 42 anos, chegou a conversar com a ex-mulher, antes de atingi-la com nove golpes de canivete.
No momento do crime, outras pessoas estavam na clínica e fugiram em busca de socorro. Uma delas compareceu à 2ª Delegacia de Polícia em Ibirité e informou aos policiais sobre o ocorrido. A outra testemunha trancou o portão da clínica e impediu a fuga do suspeito.
O crime
Nas imagens, é possível ver o homem entrando na clínica. Ele espera por Miqueia, que estava em outro ambiente. Depois, eles seguem para uma sala onde não é possível ver as imagens. Uma paciente chega ao local e, junto com o criminoso, ficam por alguns minutos na recepção.
Renê entra novamente no ambiente sem câmeras, depois volta para a sala de espera. A cliente que estava no mesmo lugar entra para atendimento. Miqueia então volta para sala, onde é possível ver as imagens, e começa a conversar com Renê. Depois de alguns minutos de discussão, eles retornam para o local onde não tem as câmeras, momento em que o ataque aconteceu. É possível ver as outras pessoas fugindo. Renê também sai da clínica, mas retorna pouco depois.
O criminoso tentou tirar a própria vida com o canivete e chegou a deitar ao lado da Miqueia antes da chegada da polícia, mas foi preso em flagrante. Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Renê teria contado aos policiais a dinâmica e motivação do crime enquanto aguardava o atendimento médico. O canivete utilizado no crime foi recolhido.
“Ele nos disse que a intenção era atrair Miqueia até a residência do casal, e lá iria matá-la com a arma de fogo e em seguida cometer suicídio. Ele tentou convencê-la a acompanhá-lo até o apartamento, mas ela estava atendendo uma cliente, e diante da recusa, ele optou por matá-la ali mesmo, com o canivete”, explicou o delegado Welington Martins Faria da Delegacia Especializada de Homicídios (DEH).
O delegado explicou que a Miqueia não tinha nenhuma medida protetiva solicitada e nenhuma ocorrência feita contra o suspeito. “No entanto, durante as oitivas, tivemos conhecimento de que quando ela manifestou desejo em se separar, ele teria afirmado, em uma discussão, que caso ela prosseguisse com esse intuito, ele a mataria”, conta. A prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva. O homem ainda está internado no hospital, sob escolta policial.
Ainda de acordo com a Polícia, Miqueia e Renê foram casados por cinco anos. Eles teriam se separado no final de 2024. Após o rompimento, o homem começou a perseguir a ex-esposa para tentar reatar o casamento. Um novo relacionamento da vítima pode ter sido a motivação para o criminoso.
O delegado Gabriel Araújo afirmou que o crime foi premeditado. “Tanto que ele não adquiriu uma arma legal, adquiriu uma com numeração raspada. Ele não queria deixar vestígio, não queria deixar rastros, queria dificultar toda e qualquer investigação. Ele é caminhoneiro, iria ‘ganhar’ o Brasil e sumir”, detalhou Araújo.
No crime de feminicídio, de acordo com delegado Gabriel, o homem não enxerga a mulher como um ser humano de direitos, mas sim como propriedade. “Ele não aceita nada que fuja do que ele determinou de como ela deve se comportar, o que leva ao crime de feminicídio; um crime que, nesse caso, foi premeditado”, exemplificou.
Gabriel ainda reforçou: “É aquela coisa que falamos toda vez que apresentamos um caso de feminicídio: a pessoa não deve pagar para ver. No primeiro sinal de ameaça, seja psicológica ou física, tem que registrar ocorrência, solicitar medida protetiva e buscar, sim, a proteção do Estado”.
Apreensões
Renê afirmou também que mantinha uma arma de fogo de uso restrito em sua residência, motivo pelo qual uma equipe policial compareceu ao apartamento do indiciado e localizou uma pistola calibre 9mm com numeração suprimida.
Foram apreendidas também munições 9mm e 32mm; uma carteira contendo certa quantia em dinheiro e documentos pessoais do suspeito; um veículo; o celular de Renê; um celular de propriedade da vítima e um notebook, também de propriedade de Miqueia.
