PF: Heleno orientou não falar de “homossexuais, negros, maricas”

Em uma agenda com logomarca da Caixa Econômica Federal de posse do general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Bolsonaro, a Polícia Federal (PF) encontrou diretrizes estratégicas que incluíam ataques às urnas eletrônicas e a orientação de “não fazer qualquer referência a homossexuais, negros, maricas, etc.”.

Segundo a PF, as anotações de Heleno, registradas sob o título “Reunião de diretrizes estratégicas”, evidenciam o objetivo da organização criminosa em disseminar ataques ao sistema eletrônico de votação.

A primeira diretriz era identificar áreas em que o então presidente da República Jair Bolsonaro (PL) possuía “aliados confiáveis”. Em seguida, aparece a busca “por órgãos de imprensa que podem ser usados como meios de divulgação de ações do governo”, com o complemento: “Utilizar com mais frequência a EBC [empresa pública federal de comunicação]”.

O terceiro item é: “Não fazer qualquer referência a homossexuais, negros, maricas, etc. Evitar comentários desairosos e generalistas sobre o povo brasileiro”.

Por fim, está a necessidade de “estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações. É válido continuar a criticar a urna eletrônica”.

Veja as imagens da agenda:

 

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Caderno do general Augusto Heleno encontrado pela Polícia Federal

Reprodução/PF

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O relatório final da investigação da Polícia Federal terminou com 37 indiciados por golpe de Estado, incluindo Augusto Heleno. A retirada do sigilo e a divulgação do documento ocorreram nesta terça-feira (26/11).

A PF não esclareceu a data nem as circunstâncias exatas das anotações do general Heleno, que despachava no Palácio do Planalto. A agenda foi apreendida na residência dele.

Segundo a corporação, Heleno teve participação relevante no encontro realizado “para engajar membros do governo e disseminar alegações sabidamente não verídicas ou sem qualquer lastro concreto, de que existiram indícios da ocorrência de fraudes e manipulações de votos em eleições, decorrentes de alegadas vulnerabilidades do sistema eleitoral brasileiro”.

O general admitiu que orientou que agentes de inteligência se infiltrassem nas campanhas eleitorais e “também deixou evidente a necessidade dos órgãos de Estado vinculados ao Governo Federal atuarem para assegurar a vitória do então Presidente”.

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